domingo, 21 de maio de 2023

Basta de Racismo no Trabalho e na Vida


Incrível como nós seres humanos somos cruéis. Nós “exterminamos” tudo a nossa volta, incluindo a natureza, fonte da nossa própria sobrevivência. Até contra nossos semelhantes fazemos coisas absurdas e de difícil compreensão. O racismo é um desses vários exemplos da maldade humana.

Para exemplificar o que afirmo, cito três exemplos desse infeliz comportamento desumano. O primeiro exemplo ocorreu na Espanha com o jogador Vinicius Junior. Durante um jogo, o mesmo foi chamado de "macaco" por parte da torcida presente no estádio Mestalla. Vinicius Junior até já declarou que irá combater esses ataques dizendo: "Vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui".

Já o segundo e terceiro exemplos aconteceram no Brasil. Foi com a primeira repórter negra no Jornal Nacional, Maria Julia Coutinho (Maju). O triste fato ocorreu via rede social, quando alguns internautas escreveram mensagens de xingamento, tais como: “só conseguiu emprego no Jornal por causa das cotas. Preta imunda”, “Não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta não” e entre outras.

O terceiro exemplo, também bastante polêmico, ocorreu quando os torcedores do Grêmio que xingaram o goleiro Aranha (Santos) com gritos de "macaco" e grunhidos de "hu,hu,hu". Acredito até que se tivessem armados teriam eliminado o goleiro ali mesmo, em face da raiva estampada em seus rostos.

Se procurarmos a definição de racismo no dicionário, encontraremos o preconceito e a discriminação com base em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre os povos. Muitas vezes essas diferenças tomam a forma de ações sociais, práticas ou crenças, ou sistemas políticos que consideram que diferentes raças devem ser classificadas como inerentemente superiores ou inferiores com base em características, habilidades ou qualidades comuns herdadas. Portanto, os preconceituosos acreditam que os membros dessas diferentes raças devem ser tratados de forma distinta.

Essa questão do racismo contra o negro sempre esteve presente na história da humanidade, apesar das várias etapas já superadas em meio às guerras, leis e mortes. Além da luta que sacrificou Martin Luther King, um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, que liderava uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Em um momento de sua plena sabedoria, Martin expressou sua celebre frase que desejava um mundo onde seus filhos seriam julgados pela personalidade e não pela cor da pele. Infelizmente, apesar de toda essa evolução histórica, o racismo ainda é fonte de guerras, assassinatos, extermínios, genocídios e piadas.

No Brasil, por exemplo, foi em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que a liberdade total finalmente foi alcançada pelos negros. Foi essa lei, assinada pela Princesa Isabel, que aboliu de vez a escravidão. No entanto, a “escravidão do preconceito” ainda permanece até os dias de hoje na mente de várias pessoas. Em nosso país, apesar de disfarçado, acontece de norte a sul e leste a oeste. É triste observar que apesar de nossa enorme miscigenação, grande parte das pessoas pratica o racismo com grande naturalidade. O nordestino acaba virando Baiano. O do norte é índio. O negro é macaco. Quem nunca ouviu piadas do tipo: “Baiano é honesto até pra roubar”; ”um preto correndo tá roubando, um branco correndo tá fazendo exercício”.

O “engraçado” nessa história toda é que uma pesquisa publicada na edição 1680 da revista VEJA, com o título “Quem somos nós?”, afirma que mais de 60% dos que se julgam “brancos” têm sangue índio ou negro correndo nas veias. Incrivelmente, essas mesmas pessoas têm vergonha da própria origem e simulam uma linhagem nórdica. Essa informação foi comprovada por pesquisas genéticas realizadas na Universidade federal de Minas gerais.

O interessante é que o resultado das pesquisas acabou revelando uma linha cômica na formação do povo brasileiro. Os brancos, colonizadores ou imigrantes, tiveram filhos em larga escala com índias da terra ou africanas trazidas para o trabalho escravo. Desta forma, o vovô, que chegou aqui para construir uma nova América, pegou a vovó no laço para satisfazer seus apetites carnais. Assim, de um ponto de vista antropológico, os brasileiros sofrem de uma síndrome de bastardia, que se reflete em sua auto-imagem e na cultura que produzem.

Portanto, se um dia você tiver que responder sobre a sua cor (branco, negro ou pardo). Responda simplesmente que é mestiço. Afinal de contas, essa classificação por cor da pele é meramente uma categoria cravada com base na aparência, no contexto social e na autopercepção.