segunda-feira, 2 de junho de 2025

Propostas para resolver a polêmica do asfaltamento da BR319


A polêmica do asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, gira em torno do equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental. Esse assunto está vivo há pelo menos 20 anos como tema central, mas existe desde sua deterioração nos anos 1980.

De um lado, defensores apontam que a obra é essencial para integrar a Amazônia ao restante do país, reduzir custos logísticos e melhorar a qualidade de vida de populações isoladas. 

Do outro, críticos alertam para o alto risco de desmatamento, grilagem de terras e perda de biodiversidade, especialmente no trecho central da rodovia, que corta áreas de floresta ainda intocadas. A falta de fiscalização e os questionamentos sobre o licenciamento ambiental tornam o tema um dos mais emblemáticos do desafio de conciliar infraestrutura e conservação na Amazônia.

Com base nos principais alertas feitos por críticos contrários ao asfaltamento da BR-319, aqui vão algumas propostas que poderiam ser implementadas de forma integrada, considerando o desafio de conciliar infraestrutura com conservação na Amazônia.

Risco de desmatamento. Proposta: 1) Sistema robusto de monitoramento e controle ambiental em tempo real; 2) Implantar sensoriamento remoto com imagens de satélite de alta frequência (ex: Planet, Sentinel) e integração com plataformas de IA para detecção automática de desmatamento; 3) Criar bases operacionais móveis do IBAMA e ICMBio ao longo da rodovia, equipadas com drones, acesso à internet via satélite e apoio da Polícia Federal/Ambiental; 4) Estabelecer zonas de uso restrito e corredores ecológicos obrigatórios nos trechos mais sensíveis.

Grilagem de terras. Proposta: 1) Regularização fundiária preventiva e fiscalização digital integrada; 2) Atualizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) antes do início das obras, cruzando dados com registros fundiários do INCRA e satélites; 3) Criar uma plataforma pública e transparente de posse e uso da terra na faixa de influência da BR-319; 4) Estabelecer uma moratória fundiária temporária na região durante as obras, impedindo novos registros e ocupações não autorizadas.

Perda de biodiversidade. Proposta: 1) Estudos de biodiversidade contínuos e medidas compensatórias inteligentes; 2) Implementar programas de monitoramento ecológico de longo prazo antes, durante e depois das obras, com indicadores de fauna, flora e conectividade ecológica; 3) Exigir licenciamento ambiental faseado, com metas de biodiversidade vinculadas a cada etapa do asfaltamento; 4) Investir em passagens de fauna subterrâneas e aéreas, sinalização inteligente e restrição de tráfego noturno em áreas de alta sensibilidade.

Falta de fiscalização. Proposta: 1) Governança integrada com uso de tecnologias emergentes; 2) Criar um consórcio de governança ambiental BR-319, unindo órgãos federais, estaduais, municípios, universidades e ONGs; 3) Estabelecer um Painel Público Digital de Fiscalização e Transparência (dashboard com dados ambientais, sociais e de obra, em tempo real); 4) Aplicar o blockchain para registro inviolável de todas as ações de licenciamento, compensações ambientais e autorizações.

Questionamentos sobre o licenciamento ambiental. Proposta: 1) Processo técnico-científico transparente e participativo; 2) Submeter o EIA/RIMA a revisões independentes de cientistas da região amazônica e organizações reconhecidas internacionalmente; 3) Realizar consultas públicas com comunidades locais e indígenas com tradução cultural e linguística adequada; 4) Garantir que o licenciamento seja modular, permitindo revisão e reavaliação contínua dos impactos à medida que as obras progridem.

Para refletir: É realmente impossível implementar essas ações? Ou falta apenas vontade política?