Recentemente, o senador Aécio Neves acusou a Presidente Dilma de
praticar uma ‘Renúncia Branca’. Segundo o senador, essa definição foi dada
porque a Presidente entregou o comando político do governo para o
vice-presidente Michel Temer (até então esquecido), o comando da economia para
o ministro Joaquim Levy e ainda se tornando subordinada a decisão dos
presidentes da câmara e do senado. Portanto, na opinião de Aécio, a Presidente se
desligou totalmente da responsabilidade e do comando da Presidência do Brasil.
Transportando essa situação para o mundo da gestão corporativa, o que é
isso afinal? Se analisarmos de forma imparcial a decisão da Presidente, sem
olhar o contexto da atual situação política, poderíamos dizer que a Presidente
está simplesmente delegando tarefas. Portanto, estaria praticando o termo em
inglês empowerment, ou seja, a
descentralização e delegação de poderes aos seus colaboradores com maior
autonomia de decisão e responsabilidades.
Pode-se considerar que essa é uma das atribuições mais importantes do
líder. Ao delegar, o líder deve fazer de forma flexível, diferenciada e de acordo
com a maturidade de cada pessoa, dando aos colaboradores a liberdade para realizarem
seu trabalho ao mesmo tempo em que se monitora o desempenho. A maturidade aqui
destacada pode ser entendida como a capacidade do profissional para se adequar
as diversas situações apresentadas, assumindo responsabilidades e gerindo seu
trabalho efetivamente, mesmo sem precisar da interferência direta do líder. No
entanto, ao perceber que o colaborador não está ainda no nível de maturidade desejada,
ou ainda em uma situação de crise, o líder pode e deve assumir o papel de “coach” e agente da mudança, puxando para
si a responsabilidade e o acompanhamento de todo o desenvolvimento do trabalho
a ser executado para assim garantir os resultados necessários. Portanto, deve-se
delegar com inteligência, de forma situacional e de acordo com o jeito de ser de
cada pessoa. Para isso, o líder deve adotar estilos diferentes para cada profissional
do seu time. Principalmente, se nessa equipe há pessoas com os níveis variados entre
o júnior, pleno e sênior.
Vale ressaltar que o ato de delegar é totalmente diferente de
“delargar”. O ato de “delargar” é simplesmente “passar o macaquinho”, ou ainda
a “batata quente”, para o seu colaborador. Quando isso ocorre, trata-se da
forma mais danosa e dissimulada que alguns “líderes” adotam para se esquivar de
determinadas situações constrangedoras devido à falta de competência e
credibilidade para conduzir determinadas tarefas e assim produzir os resultados
esperados. Portanto, trata-se de uma ação maquiavélica e intencional para “queimar”
o colaborador no lugar do “líder”. Nesse caso, se algo sair errado, será muito mais
fácil colocar a culpa no colaborador que conduziu a tarefa e assim promover a
substituição do mesmo.
Voltando para a acusação de Aécio, faz-se necessário uma visão sistêmica
do cenário brasileiro, a fim de entender as razões do uso da expressão ‘Renúncia
Branca’. Para isso, apresento algumas informações que explicam o contexto atual.
Por exemplo: o Ibope divulgou pesquisa na última quarta-feira (10) que Dilma
Rousseff aparece com uma aprovação de apenas 12% e que 74% das pessoas não
confiam na Presidente. Já o Banco Central prevê para 2015 um crescimento (PIB)
ZERO para o Brasil e inflação anual perto dos 8%.
Além desses dados, há também os constantes casos de corrupção (desvios
dos recursos públicos) descobertos pela Policia Federal (ex: Petrobras, Eletrobras,
BNDES, Fundos de Pensão, CEF e outros). Também as várias promessas de campanha que
não foram cumpridas, qualificando a Presidente como mentirosa. Sem contar com uma
aparente atitude que tenta camuflar as irregularidades cometidas pelos
“companheiros” do seu partido (PT) e também os aliados. Portanto, fatos e dados
que desqualificam a competência e a credibilidade da liderança do governo Dilma.
A conclusão é que o governo desconsidera as características necessárias de
um verdadeiro líder. O fato é que a competência e a credibilidade não podem ser
negligenciadas, pois não há como manter um líder sem a integração dessas duas qualificações.
Ser líder vai muito além do simples ato de comandar ou delegar. Liderar é o produto
entre os atributos reais daquilo que você é e faz, bem como os resultados que você
entrega. O líder é aquele que consegue cooperação, respeito e confiança da organização
(povo) que dirige, principalmente pelo próprio exemplo.