Antes de ser condenado
pelo título, peço a você leitor que dedique um tempo para ler todo o artigo. Na
verdade, esse termo “cleptocracia”, de origem grega, foi mencionado quando se
referia ao modelo de governança do nosso país. Procurando nos livros,
encontrei várias características que identificam esse tipo de governo. Tais
como: a institucionalização da corrupção, nepotismo (favoritismo para com
parentes no poder público), o peculato (crime que consiste na subtração ou
desvio do dinheiro público), a impunidade, a improbidade (ação ou omissão que
viole os deveres da honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às
instituições públicas), fraca governança (exemplo das contas públicas),
instituições públicas débeis (exemplo da polícia e do judiciário), falta de independência
da mídia e entre outros.
Na “cleptocracia” o
Estado é uma máquina eficiente somente para coletar impostos. Os indivíduos que
formam essa máquina pública possuem características imorais e anti-éticas, tal
como o uso benéfico da própria posição para o enriquecimento próprio. Nesse
modelo, todos os poderes do Estado caminham juntos para uma total desordem
governamental, baseada na corrupção sistêmica dos poderes públicos. Há também o
sentido e o emprego dos radicais gregos que compõe a palavra. Exemplo do radical
“clepto” que dá a ideia do ato ou efeito de furtar, ladroeira e roubo. Já o
elemento “cracia”, significa poder, mando e sistema de governo. Portanto, de forma
simples e direta, trata-se de um sistema de governo comandado por pessoas que
roubam (ladrões).
Após o entendimento do sistema de
governo cleptocrático, faz-se necessário a reflexão para duas perguntas
importantes: (1) como esse tipo de governo nasce? e (2) como esse tipo de
governo se sustenta? Primeiramente, deixo claro que um governo perfeitamente
democrático é uma utopia, ou seja, não existe um país perfeitamente eficiente e
honesto. Afinal, uma nação é formada por pessoas imperfeitas. Na verdade, inexistem
lugares tão perfeitamente geridos e sem problemas sociais ou políticos. Vale
lembrar que todo o ser humano possui tendências individuais e mesquinhas,
pré-requisitos suficientes para causar grandes desavenças e romper com qualquer
possibilidade de equilíbrio em uma sociedade. No entanto, essa verdade não é
justificativa para a manutenção desse modelo de Estado.
Em minha opinião, o comportamento
individual, egoísta e ignorante das pessoas é que dispara a possibilidade do
surgimento e a manutenção da cleptocracia, dependendo apenas da amplitude desse
perfil na maioria da população. Cito o exemplo do idiota político. Novamente, conceituando para compreender, o termo idiota, do grego “idiótes”, significa
uma pessoa leiga e sem habilidades profissionais, principalmente para aqueles
que exercem uma oposição ao cidadão que participa dos assuntos de ordem
pública. São aqueles que ouvimos dizer assim: “não gosto de política”...”não
discuto política”...”não perco tempo com assuntos públicos”. É claro que há os
idiotas ignorantes e sem educação. Também os idiotas com alguma deficiência
mental. Contudo, o idiota a que me refiro no artigo, é aquele que possui certa
competência intelectual, porém, se recusa a participar ou nada sabe sobre as
questões públicas do país em que vive. Infelizmente, é o caso de grande parte
da força trabalhadora do povo brasileiro. Ocorre que na infeliz realidade
brasileira, esse perfil “idiota” é presente na grande maioria daqueles que não
conseguiram desenvolver nem mesmo uma educação básica.
Infelizmente, trazendo
para a realidade brasileira, percebe-se que nunca antes na historia houve uma
ideologia tão hipócrita como a da "Falsa Democracia" ou "O Estado de Direito". Como mencionado, vivemos sim uma cleptocracia na forma mutante de uma ditadura
socialista que finge ser democrática. Trata-se de um sistema de governo que estabeleceu
uma prática institucionalizada que prioriza as relações de interesse, por meio
de barganhas imorais para se sustentar no poder. O infeliz resultado é o que já
dizia o nosso saudoso Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de
tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.