Uma novela é um conto de ficção sobre
pessoas e situações da vida real. Trata-se de uma trama narrada em capítulos,
maior do que um conto e menor que um romance e em torno de um número restrito
de personagens. Fazendo uma análise comparativa dos rumos políticos e
econômicos do nosso país, podemos sim escrever um relato novelesco dos inúmeros
escândalos ocorridos nos últimos anos, seguindo até um tom humorístico e de
sátira. Neste contexto, segue então a minha versão da novela chamada Brasil.
Era uma vez um ladrão sem muita
expressão no mundo dos crimes. Esse Ladrão sonhava ser chefe de uma grande
organização mafiosa. Essa era a meta, o grande sonho. O problema era que as
outras facções já tinham seus próprios “lideres”. Portanto, não havia espaço
para ele nessas facções. Depois de muito tentar, esse “líder” finalmente
resolveu criar sua própria facção criminosa, unindo antigos companheiros e
admiradores. Com o tempo, a facção cresceu, recebeu novos aliados e se tornou
muito poderosa. Esse poder até se tornou maior que outras facções, grandes e pequenas.
O resultado inevitável foi a automática submissão das outras facções ao novo e
grande “chefe”.
Com o tempo, o novo “chefe” havia
comprado o apoio e a submissão das outras facções, através da distribuição de
muita propina para os órgãos responsáveis pela lei e ordem. A ideia era criar
uma nova ordem e plano de poder absoluto, unindo todos em prol do livre
funcionamento dos negócios da facção e falsa distribuição de renda aos pobres e
oprimidos. Na verdade, tratava-se de uma dissimulada promessa de segurança e
proteção que o “chefe” oferecia aos seus seguidores. No entanto, na
contrapartida, todos deveriam declarar fidelidade a grande facção e ao projeto
de poder, inclusive a segunda maior facção, que antes era a primeira.
Após um longo tempo de reinado, o
grande “chefe” procurou um sucessor. Aliás, uma sucessora. Alguém que pudesse
dar continuidade ao projeto de poder. Desta forma, a sucessão foi feita, porém,
com a contrapartida que o outro “chefe” da segunda maior facção também pudesse
dividir o poder e o controle dos “negócios”. Vale ressaltar que essa
substituição na liderança não significaria a morte do antigo “chefe” e fundador
da maior facção. O que aconteceria, de fato, era um momentâneo descanso do
antigo “chefe”. Contudo, ainda mantendo as principais decisões sendo tomadas
por ele. Portanto, a nova liderança seria apenas cargos figurativos e sem poder
real de decidir os rumos dos negócios da facção. Na verdade, o grande “chefe”
continuaria a reger os negócios milionários dos roubos da facção. Agora, porém,
articulando nos bastidores.
Infelizmente, o grande “chefe” acabou
cometendo alguns deslizes. Ele ficou mais ganancioso e egoísta, pois não estava
mais dividindo os ganhos dos roubos de forma a satisfazer os companheiros. As
outras facções agora estavam se sentindo traídas pela ganância do antigo
“chefe”. Também alguns órgãos da lei já estavam bravos devido à falta de
pagamento das propinas que tanto davam suporte ao projeto de poder. É claro que
os outros seguidores também se revoltaram, pois essa mesma ganância acabou
afetando os “benefícios” que antes ganhavam. A situação ficou pior mesmo quando
os “lideres” substitutos que ele escolheu começaram a brigar devido ao ego do
poder assumido. Foi nesse momento que surgiu um herói que antes já trabalhava a
favor da lei e da ordem nos bastidores. Na verdade, esse herói era um dos
poucos que não haviam se corrompido pelas propinas do grande “chefão” e seus
companheiros. Foi esse herói que aproveitou a divisão e brigas internas para
aumentar as investigações sobre os negócios das facções.
Um acontecimento importante, que
favoreceu o desmoronamento do grande “império”, foi a briga entre a nova
“líder” substituta e o vice “líder” da segunda maior facção. A separação acabou
facilitando o desmonte do grande esquema de roubos e ainda instigou outras
facções menores não apoiar mais o antigo grande “chefe”. Aqueles seguidores que
mamavam dos roubos, fiéis ao velho “líder”, fundador da maior facção, ainda ameaçavam
iniciar uma guerra de gangues, pois acreditavam que tudo era fruto de um golpe
e traição. Contudo, o desmonte do grande esquema era inevitável, pois não foi
possível continuar o grande projeto de poder sem o apoio dos “companheiros” que
agora já estavam fugindo, um por um.
Agora, enfraquecido e destituído do
poder, o velho “líder” tenta sobreviver fazendo uso das informações e propinas
que tanto pagou para aqueles corruptos da lei. A “líder” substituta também
caiu, pois não tinha competência alguma para tocar os negócios da facção. Já o outro
“líder”, da antes segunda maior facção, voltou a ter o poder de antes. Até
assumiu novamente o poder absoluto dos negócios e ainda reuniu as outras
facções menores. Isso tudo na tentativa de manter a ordem e o controle dos
roubos das gangues, sem brigar com os agentes corruptos da lei. Agora, há
novamente uma tentativa de restaurar a “paz” entre todos, no qual facções
poderiam continuar os negócios, autoridades poderiam continuar recebendo as
propinas e os seguidores do proletariado, pobres e oprimidos continuando a
receber as “esmolas” como forma de benefício assistencial.
Ocorre que essa
novela ainda não acabou, pois nosso herói ainda tem muito trabalho a fazer, a
fim de acabar com todas as facções. Infelizmente, esse processo é muito lento,
pois muitos companheiros ainda gostam do antigo “chefão” e outros agora do novo
“chefe”. A esperança para o nosso herói é que há aqueles que não querem nenhuma
das facções. Há aqueles que querem sim uma limpeza geral para que sejam
restabelecidos os princípios da moral, da ética, da ordem e do progresso.
Portanto, resta agora esperar para ver as cenas dos próximos capítulos dessa
novela emocionante. Brasil!!!