domingo, 23 de janeiro de 2022

Comportamentos Desviantes da Sociedade Atual

Vivemos momentos críticos da hipocrisia, do individualismo e da falta de respeito com o direito do outro.  Realmente vivemos em uma sociedade desorganizada. Pergunto: Até onde vai o direito da outra pessoa e do meu também? 

Fala-se muito em tolerância. Porém, tolerar é um verbo hipócrita porque quando se tolera sou obrigado a ser submetido a um limite de compreensão, paciência e aceitação. Acredito ser esse o grande problema das relações humanas, o limite de cada um em aceitar o que o outro deseja fazer sem se importar com o meu direito.

Pra complicar, há ainda as opiniões e críticas sobre um determinado tema. Certas situações são verdadeiras "batalhas", após iniciar uma conversa. Percebe-se que um tenta impor suas ideias noutro. Por outro lado, há também aqueles que são até agressivos quando você tenta se expressar. O que dizer então dos limites da liberdade de expressão?

O pior é que todas essas situações estão levando as pessoas ao limite do estresse. Cito alguns exemplos recentes que vi nos noticiários e também outro que pude vivenciar: 

1) Um morador, cansado de falar com seu vizinho sobre parar o carro na frente da garagem, jogou tinta no carro e ainda furou os pneus. 

2) O Prefeito de Manaus, questionado duramente por um repórter sobre as aglomerações e filas nos postos de saúde, deu uma resposta assim: "Por que vc (repórter) não foi fazer essa pergunta e reportagem quando um show fez aglomerar mais de 50mil pessoas? Por que vc não foi fazer essa reportagem nas baladas e festas de Natal, Ano Novo e outras clandestinas que ainda estão acontecendo?" 

3) Meu vizinho resolveu simplesmente fazer uma festa com bateria e cantor ao vivo durante a noite toda. O som era extremamente alto para um conjunto residencial. A festa acabou somente no outro dia, às 7am. Eu chamei a polícia 3x. Porém, mesmo assim, continuou a fazer barulho.

4) Outro dia, estava em um balneário, vi dois homens homossexuais se beijando e dando aquele "amasso" na frente de todos. Uma família que estava próximo, recolheu seus pertences, filhos e foi embora na hora.

O que falar então da liberdade de expressão, da opinião, de usar o mesmo espaço, do "se ele pode, eu também posso". O fato é que julgar a verdade ou o certo e errado não é tão fácil, pois tem muito a ver com as nossas percepções, princípios morais e éticos e conhecimento adquirido. O que pode não ser igual a verdade e os princípios do outro. 

Nesses casos, aplicamos a Lei? Claro que sim! O ser humano não consegue viver sem as Leis para controlar comportamentos e opiniões. Definitivamente, o ser humano não sabe lidar com a liberdade total, sem que o mesmo exceda os limites do direito do outro.

Outro exemplo polêmico é sobre vacinar ou não vacinar. Usar máscaras ou não usar. Qual o limite do meu direito e do outro em aceitar ou recusar? Polêmica essa que causam verdadeiras brigas entre as pessoas, justiça e governos. 

Eu acredito que a causa maior em todos esses exemplos é que há um excesso de individualismo nos dias atuais. Acho que há uma enorme ausência de empatia e bom senso nas pessoas.

Muitas vezes, nos comportamos ou julgamos uma situação sob a ótica do individualismo apenas e não pelo o que é bom para a coletividade. Parece que a sociedade caminha para um caos total pela falta de empatia, respeito e amor ao próximo. O pior é que esses problemas acabam por desorganizar a sociedade, a economia e a política.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

O que é o Tempo de Ciclo?

A duração de um ciclo é dada pelo período transcorrido entre a repetição de um mesmo evento que caracteriza o início ou fim desse ciclo. Em um sistema de produção, o tempo de ciclo é determinado pelas condições operativas da célula ou linha. Considerando-se uma célula ou linha de produção com ‘n’ postos de trabalho, o tempo de ciclo é definido em função de dois elementos: i. Tempos unitários de processamento em cada máquina/posto (tempo-padrão); ii. Número de trabalhadores na célula ou linha;

Parte-se aqui da análise de equipamentos individuais, para depois derivar o conceito para o caso geral de uma linha ou célula. Genericamente, para uma máquina ou equipamento, o tempo de ciclo é o tempo necessário para a execução do trabalho em uma peça; é o tempo transcorrido entre o início/término da produção de duas peças sucessivas de um mesmo modelo em condições de abastecimento constante. Algumas operações, dadas suas características, como tratamento térmico, queima de cerâmica, tratamento químico, pintura etc requerem esse seja definido como o tempo para o processamento de um lote ou batelada.

Cada máquina e equipamento tem um tempo de ciclo característico para cada operação (processamento) executada. Em alguns casos, como em tornos automáticos e CNCs, pode ser fisicamente identificado com relativa facilidade – retorno das ferramentas de corte a uma mesma posição; em outras, nem tanto, como no caso de operações manuais.

Sob o prisma do Mecanismo da Função de Produção, o tempo de ciclo está associado à função operação. É uma característica de cada operação da rede de processos e operações. Quando analisada uma operação isolada, o tempo de ciclo é igual ao tempo padrão; é o tempo que consta nos roteiros de produção dos sistemas de PCP. Por exemplo, para o caso de uma máquina dedicada com um tempo padrão de 2,5 minutos, o tempo de ciclo também será de 2,5 minutos; isto é, a cada 2,5 minutos pode ser produzida uma peça, repetindo-se um ciclo.

Ampliando-se a unidade de análise dos sistemas de produção (células, linhas ou mesmo a fábrica inteira), a discussão muda de perspectiva. Nesse caso, deixa-se de ter uma única máquina, a partir da qual se pode, com facilidade, definir o tempo de ciclo. Torna-se necessário contemplar as relações sistêmicas de dependência entre os equipamentos e as operações. É possível, inclusive, questionar se existe um tempo de ciclo para uma célula ou linha de produção. A resposta é afirmativa, tendo-se, dependendo do caso, o tempo de ciclo da linha ou o tempo de ciclo da célula.

Para ilustrar os conceitos, considere-se o exemplo apresentado na Figura abaixo, no qual um produto qualquer passa por quatro operações subseqüentes, realizadas, respectivamente, em quatro postos ou máquinas diferentes (A, B, C e D), até ter seu processamento finalizado.

Na figura acima, observa-se que cada posto de trabalho tem um tempo de processamento unitário (tempo padrão - tp). Entretanto, a linha não pode ter mais de um tempo de ciclo para uma mesma configuração – alocação de trabalhadores aos postos de operação para um determinado conjunto estabelecido de máquinas; a cada configuração cabe um tempo de ciclo único.

Para os materiais a idéia de ciclo não tem sentido. Uma mesma peça não passa mais de uma vez pelo processamento; não há um ‘ciclo’, portanto. A noção de ciclo só tem sentido para os sujeitos do trabalho, e não para os objetos do trabalho (materiais), posto que é o trabalho realizado por homens e máquinas que se repete regularmente.

O ciclo não está vinculado ao início ou término do processamento de um produto ou componente na linha. Se esse fosse o caso, o tempo de ciclo seria igual ao somatório dos tempos das operações executadas em A, B, C e D – desconsiderando-se, neste exemplo, os tempos de estagnação e transporte dos materiais. Para uma situação onde a cada posto há um operador, as operações podem ser realizadas em paralelo; obviamente, em peças diferentes.

Imaginemos que os quatro postos/máquinas iniciem as operações no instante zero. O ciclo da linha termina quando todos as operações tiverem sido realizadas e for possível o início do processamento de uma nova unidade em cada uma das quatro máquinas/postos (A, B, C e D).

Observando-se a Figura abaixo é possível notar que o ciclo da linha é de três minutos, isto é, somente três minutos após o começo das operações (primeiro ciclo) é possível iniciar o processamento de uma nova peça em todas as máquinas (novo ciclo).

O tempo de ciclo da linha ou célula é o tempo de execução da operação, ou das operações, na máquina/posto mais lento; em outras palavras, é o ritmo máximo possível, mantidas as condições atuais. O tempo de ciclo da linha ou célula é definido pelas características dos equipamentos e peças e pela configuração da linha ou célula – alocação de trabalhadores aos postos de trabalho.

No exemplo, considerando-se um operário alocado a cada máquina/posto, não é possível produzir mais que 20 peças por hora nessa linha.

O tempo de ciclo é “o tempo transcorrido entre a saída de uma peça e a saída da seguinte, em segundos”. Imagine-se, contudo, que a linha apresentada na figura acima operasse com um takt-time de 4 minutos; nesse caso, um observador que olhasse a operação ‘D’ notaria a saída de duas peças sucessivas a intervalos de 4 minutos, percebendo um tempo que não corresponderia nem ao tempo de ciclo da operação D (1 minuto) nem ao tempo de ciclo da linha (3 minutos), mas sim ao seu takt-time. Não há clareza conceitual nessa definição, que pode acabar por confundir a interpretação dos conceitos e ressaltar a importância da discussão aqui realizada.

Caso somente um operador tivesse que realizar todas as operações e não fosse possível separar os tempos de máquina dos manuais, o tempo de ciclo seria igual ao somatório de todas as operações: 8,5 minutos. Em outra situação, com dois operários, sendo um encarregado das máquinas/postos A e B e o outro responsável por C e D, o tempo de ciclo seria de 4,5 minutos (soma dos tempos em A e B; a soma dos tempos em C e D é de 4 minutos). Outros tempos de ciclo existiriam em alocações alternativas de operários à linha.

O que é o Takt Time?

A palavra alemã ‘takt’ serve para designar o compasso de uma composição musical, tendo sido introduzida no Japão nos anos 30 com o sentido de ‘ritmo de produção’, quando técnicos japoneses estavam a aprender técnicas de fabricação com engenheiros alemães (Shook, 1998).
takt-time é definido a partir da demanda do mercado e do tempo disponível para produção; é o ritmo de produção necessário para atender a demanda. Matematicamente, resulta da razão entre o tempo disponível para a produção e o número de unidades a serem produzidas.
takt-time é o tempo alocado para a produção de uma peça ou produto em uma célula ou linha. A ideia de ‘alocação’ de um tempo para produção pressupõe, naturalmente, que alguém ‘aloca’; o takt-time não é dado, absoluto, mas sim determinado. Pondere-se que a conceituação geral anterior tem limites. É preciso esclarecer que a empresa pode realizar opções tanto quanto aos níveis de atendimento da demanda como aos de utilização da capacidade, o que ali não está explicitamente contemplado.
A compreensão desses limites leva à necessidade de ampliação do conceito. Uma definição mais adequada parece ser a seguinte: takt-time é o ritmo de produção necessário para atender a um determinado nível considerado de demanda, dadas as restrições de capacidade da linha ou célula. Concretamente, o takt-time é o ritmo de produção alocado para a produção de uma peça ou produto em uma linha ou célula, com a diferença que se reconhece explicitamente nesta definição que o ritmo eventualmente necessário pode não ser suportado pelo sistema de produção.
À luz dessa formulação teórica surgem outras questões conceituais, precisamente no que tange à compatibilização da demanda com a capacidade. Na seção seguinte, esclarece-se o conceito de tempo de ciclo, explicando-se como é exatamente esse que limita o takt-time. A amarração entre Função Processo e Função Operação é visualizada nessa articulação e ilustrada quando debatidas as relações entre os mesmos.
A vinculação dessa questão com o Planejamento e Controle da Produção é importante de ser explorada, de forma a evitar que o sistema, mesmo tendo condições globais de atender à demanda, não seja sobrecarregado em momentos de pico e tenha seu funcionamento abalado.
Feitas essas diferentes considerações, takt-time pode ser legitimamente entendido como o tempo que rege o fluxo dos materiais em uma linha ou célula. Logo, é fundamental salientar que o conceito de takt-time está diretamente relacionado com a Função Processo, na medida em que trata do fluxo dos materiais ao longo do tempo e espaço.
Um lembrete importante, sob uma perspectiva operacional, é que o tempo disponível para produção não é necessariamente igual à duração do expediente. Em situações reais, deve-se descontar os tempos de paradas programadas, tais como manutenção preventiva dos equipamentos, paradas por razões ergonômicas etc. Sendo assim, pode-se afirmar que:
• Tempo disponível para produção = período de trabalho – paradas programadas
Nesse contexto, em uma linha de produção, a cada intervalo definido pelo takt-time, uma unidade deve ser terminada. Por exemplo, para uma linha de montagem de automóveis com demanda diária de 300 unidades e tempo disponível para produção de 10 horas (600 minutos), o takt-time será de 2 minutos. Ou seja, a cada 2 minutos deve sair um carro pronto no final da linha.
Outro exemplo de calculo de Takt Time: TT = Tempo disponível em 1 turno de trabalho em segundos, dividido pela demanda do cliente proporcional a um turno de trabalho. Exemplo: Demanda mensal de 27.720 produtos, em 22 dias úteis resultará em uma demanda diária de 1.260 produtos, a serem produzidos em 3 turnos resultará em 420 produtos por turno. Com turnos de 8 horas de trabalho, sendo 1 hora para almoço, teremos 7 horas disponíveis para produção. Portanto TT = 7h/turno x 3600s/h  /  420 prod/turno = 60 s/produto.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Visão Holística do Lean

O Brasil é muito dependente do modal rodoviário. Já ouvimos muito essa frase. Porém, nada mudou. Falamos muito em "ser enxuto" dentro da empresa. E fora da empresa? E na cadeia logística como um todo? Pq ninguém fala em "ser Lean" na cadeia de Supply Chain? A verdade é que falta-nos visão holística. Não adianta ser Lean dentro, se fora não somos. O que adianta ser rápido e flexível dentro e travar tudo fora. É preciso sair dessa visão "tacanha" Lean de só olhar pra dentro, mas também começar a olhar O TODO. Isso é visão Lean Sistêmica.

Nesse contexto, reforço a necessidade urgente de desenvolver outros modais, buscando o equilíbrio e que cada modal seja utilizado de acordo com a sua vocação e produto, de forma a reduzir os custos logísticos e aumentar a competitividade internacional. Se considerarmos os principais produtos exportados pelo Brasil (minério de ferro, soja, milho e açúcar), observamos grandes volumes e baixo valor agregado, o que traz a necessidade de uma logística (modal) mais eficientes, exemplo das ferrovias.

O rodoviário, ainda com custos altíssimos, sofre com rodovias precárias, roubos de cargas, aumento contínuo dos combustíveis e ainda falta de infraestrutura. Pior ainda são nossos portos ineficientes que levam uma "eternidade" para  descarregar e liberar produtos, atolados em processos burocráticos e carregados de tributação. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Novo Técnico do Flamengo quer Mudanças

O Flamengo tem um novo técnico, Paulo Sousa. Como todo líder e chefe que entra em uma nova organização, já começa a implementar "seu jeito de liderar". Novas rotinas, pensamentos, disciplinas, metas, métodos etc.

Eu mesmo já passei por situações iguais, várias vezes. Daí fico pensando, qual será a receptividade dos jogadores a esse novo jeito de ser e fazer? Os novos jogadores tendem a aderir facilmente. Porém, com certeza, Paulo Sousa terá dificuldades com os mais "veteranos" de casa. Ele irá precisar de muita habilidade, inteligência e, principalmente, apoio do Flamengo. Caso contrário, será "fritado" pelas coalizões políticas existentes, as "panelinhas".

O fato é que em todo processo de mudança sempre existirão pessoas resistentes e contra as novas propostas, ideias ou projetos. Mesmo se essas novas ideias forem realmente importantes para a empresa, sempre haverão os resistentes e aqueles que não querem abandonar o "status quo" de antes. 

Infelizmente, são essas pessoas resistentes que realmente irão travar e dificultar qualquer novo programa ou mudança que se deseja implantar. Na maioria das vezes, esses personagens até conseguem retardar a transformação e fazem com que aquele furor inicial do lançamento do projeto ou mudança seja pouco a pouco esquecido e, finalmente, abandonado.

Sendo assim, afirmo que a resistência à mudança irá existir sempre quando acontecer a introdução de um novo método de trabalho. Ela também ocorre sempre que uma mudança organizacional causa um afastamento descontínuo do comportamento, da cultura e da estrutura de poder já existentes na empresa. 

Alerto, no entanto, que é muito importante desenvolver uma estratégia inteligente para avaliar e mudar a cultura organizacional existente, principalmente quando se deseja implantar uma nova forma de trabalho, especialmente quando se deseja mudar velhos hábitos. 

Portanto, vai aí uma dica valiosa para que você possa refletir: Mudar de direção está, primeiramente,  em reconhecer que a cultura organizacional é formada por pessoas. Sendo assim, considerando que a cultura está inserida nos aspectos críticos da estratégia, envolver adequadamente as pessoas será uma variável de suma importância para mudar de direção e quebrar paradigmas. Nada pode ser imposto, mas sim negociado, comunicado, treinado e padronizado. 

É claro que uma ou outra situação exigirá uma decisão firme do líder, mas tudo dentro do respeito e da normalidade das relações interpessoais.