Segundo
Paladini (2000), o 5S foi concebido por Kaoru Ishikawa, no Japão na década de
1950 e foi aplicado com a finalidade de reorganizar o país após a Segunda
Guerra Mundial, quando vivia a chamada crise da competitividade.
Até
hoje, é considerado o principal instrumento de gestão da qualidade e da
produtividade utilizado no Japão devido a sua eficácia. O mesmo também pode ser
considerado como um sistema organizador, mobilizador e transformador de pessoas
e organizações. A ferramenta é bastante básica e deve preceder qualquer
iniciativa de mudança em uma empresa.
Para
Lapa (2000) o nome 5S provém de cinco palavras do japonês que designam cada um
dos procedimentos a serem adotados. Os três primeiros ‘S’, atuam como
ferramenta de mudança no ambiente de trabalho, a saber: (i) Seiri
(Senso de Utilização) - Consiste no descarte dos materiais inutilizados, bem
como o tratamento dado a cada um deles; (ii) Seiton (Senso de
Organização) - Consiste na padronização dos objetos, separando-os por natureza
comum e etiquetando cada um deles; (iii) Seisou (Senso de
Limpeza) - Consiste em manter disponível no ambiente de trabalho apenas o
essencial para a execução, mantendo-se guardados todos os demais objetos
desnecessários naquele momento.
Já
os dois últimos ‘S’, atuam como ferramenta de mudança na atitude das pessoas, a
saber: (iv) Seiketsu (Senso de Saúde) - Consiste em manter as
boas condições sanitárias do ambiente de trabalho, o que inclui a limpeza geral
e o controle de poluição de qualquer natureza atmosférica, sonora, visual,
etc., bem como a própria saúde ocupacional do colaborador; (v) Shitsuke
(Senso de Autodisciplina) - Autocontrole e autodireção. Consistem na manutenção
da ordem geral e das demais condições adquiridas pelos demais procedimentos.
Trata também da intolerância aos erros (não às pessoas), buscando procedimentos
mais eficientes.
O
senso de utilização significa separar o necessário do desnecessário. Manter no
local de trabalho apenas o que você realmente precisa e usa, na quantidade
certa. Refere-se à identificação, classificação e remanejamento dos recursos
que são úteis ao fim desejado.
Refere-se
a eliminar tarefas desnecessárias e desperdícios de recursos, inclui uma
utilização correta dos equipamentos para um aumento do tempo de vida destes.
Não deve haver excessos de materiais, equipamentos ou ferramentas no local de
trabalho.
Deve-se
lembrar de manter somente o necessário ocupando espaço. Isso se aplica a todos
os aspectos do ambiente do trabalho: mesas, gavetas, armários, etc. O material descartado
deverá ser enviado à área de descarte.
O
senso de utilização libera as ferramentas, equipamentos e documentos que não
agregam valor ao setor ou área, libera espaço físico, melhora a visualização da
área e do local de trabalho e elimina os excessos em locais de estocagem, tais
como: almoxarifado, armários, arquivos, disquetes, etc.
Também
elimina as compras desnecessárias, elimina os movimentos inúteis, além de
causar uma maior satisfação pessoal de quem trabalha no local.
O
senso de organização significa a arte de cada coisa em seu lugar para pronto
uso. Refere-se à disposição dos objetivos, comunicação visual e facilitação do
fluxo de pessoas, com isto há a diminuição do cansaço físico, economia de tempo
e facilita a tomada de medidas emergenciais.
O
primeiro passo é definir um lugar para as coisas. O segundo passo é como
guardar as coisas. O terceiro passo é obedecer às regras. Cada coisa tem que
ter nome. Dê nome a tudo! Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.
Nenhum
item deve ficar sem lugar definido, mesmo que alguém esteja usando o item.
Desta forma, fica mais fácil de localizar as coisas. Devemos usar muito as
etiquetas em tudo que há no local de trabalho: nas pastas, nos armários, nas
ferramentas e materiais que utilizamos no dia-a-dia.
Padronize
a nomenclatura, adotando nomes, cores, procedimentos, padrões em toda a área.
Padronize a maneira de guardar e estocar ferramentas, equipamentos e
documentos. Utilize a comunicação visual (gravuras e cores) para facilitar,
guardar e estocar os materiais. Use o conceito: “O primeiro a entrar é o
primeiro a sair”.
Figura 1 – Atividade do senso de organização
O
senso de limpeza significa inspeção, zelo, a arte de tirar o pó. Cada pessoa
deve limpar a sua própria área de trabalho e conscientizar o grupo para não
sujar. Tem por objetivo manter o ambiente físico agradável.
Mantenha
tudo sempre limpo. Limpeza é uma forma de inspeção. O senso possibilita a
identificação de defeitos, peças quebradas, vazamentos, etc. O local de
trabalho deve ser dividido em áreas de responsabilidade. Cada um deve cuidar da
sua área.
Seguem
algumas dicas para manter o ambiente continuamente limpo: realize diariamente a
limpeza dos três minutos, observe a entrada da sua organização que é o elo de
ligação com a comunidade e, obviamente, com os clientes.
Observe
com atenção aos detalhes, tais como: se a grama está cortada, se o lixo está espalhado,
se o meio fio está pintado, se o portão está com a tinta toda desbotada e/ou
descascando, se falta grama no jardim.
Veja
a imagem da sua organização pelos olhos do cliente. Entretanto, o mais
importante mesmo é não sujar. Evite a sujeira desnecessária. Lembre-se que
ambiente limpo não é o que mais se limpa, é o que menos se suja.
Deve-se
educar as pessoas para não sujar, limpar instrumentos de trabalho após uso, conservar
limpas mesas, gavetas, armários, equipamentos e móveis em geral, inspecionar
enquanto executar a limpeza, descobrir e eliminar as fontes de sujeira. O
resultado é um ambiente de trabalho saudável e agradável.
O
senso de padronização significa padrões, ambientação, higiene, conservação,
asseio. É a arte de manter em estado de limpeza. Manter condições favoráveis de
saúde, no trabalho, em casa e pessoalmente.
Refere-se
à preocupação com a própria saúde a nível físico, mental e emocional. A
aplicação dos 3S acima citados já faz com que o senso de saúde não seja abalado
por outros aspectos que poderiam afetar a saúde.
Padronização
significa manter “em estado de limpeza” que, no contexto dos 5S, inclui outras
considerações, tais como: cores, formas, iluminação, ventilação, calor,
vestuário, higiene pessoal, e tudo o que causar uma impressão de limpeza.
A
padronização busca então manter os três primeiros “S” (organização, arrumação e
limpeza) de forma contínua. A padronização, ou seja, a definição de métodos standard
de trabalho é fundamental, por exemplo: Para a pintura das paredes devem ser
usados padrões de cores para cada setor, a sinalização também é bastante
importante, letras claras e grandes, pisos, de tubulações, de alerta (tigrado).
Também
as marcas no piso de onde deve ficar a lixeira, voltagem de cada tomada,
indicadores de extintores de incêndio, itens móveis, tamanho das setas que
estão sendo utilizados, tipos de etiquetas, cores padronizadas nas máquinas. A
partir do estabelecimento do que é certo, fica fácil para o funcionário saber o
que está errado.
O
senso de autodisciplina significa disciplina, educação, harmonia. A arte de
fazer as coisas certas, naturalmente. Comprometimento com normas e padrões
éticos, morais e técnicos e com a melhoria contínua ao nível pessoal e
organizacional.
Refere-se
a padrões éticos e morais. Uma pessoa auto-disciplinada discute até o último
momento, porém, assim que a decisão for tomada, ela executa o combinado.
Disciplina é a base de uma civilização e o mínimo para que a sociedade funcione
em harmonia.
A
disciplina é o caminho para a melhoria do caráter dos funcionários. Enxerga-se
a disciplina nos 5S quando se executa a limpeza diária dos três minutos, como
rotina, quando se faz a medição periódica, utilizando a folha de verificação e
colocando os resultados no gráfico de controle, quando não se suja mais, quando
se suja e se limpa imediatamente.
Também
quando se devolve ao seu local os instrumento que se utiliza, quando se repinta
os letreiros que estão apagados e se corrigi a pintura do piso que começa a aparecer
às falhas. Portanto, disciplinar é praticar para que as pessoas possam fazer a coisa certa naturalmente. É uma
forma de criar bons hábitos. Trata-se de um processo de repetição e prática.
Paladini
(2000) reforça que a técnica alcança resultados práticos, pois visa estabelecer
e manter a qualidade do ambiente de trabalho numa organização para assegurar o
atendimento aos padrões e promover o espírito da melhoria contínua.
O
resultado é uma empresa, no qual as pessoas dedicam maior ênfase à qualidade de
vida no ambiente de trabalho, já que trabalhar com segurança, ter um rendimento
elevado, trabalhar em um ambiente descontraído, limpo, organizado, climatizado,
com pessoas positivas e incentivadoras, é fundamental para o aumento da
produtividade de qualquer tipo de processo.
Os
5s também podem ser implantados como uma ferramenta de transformação sustentável
que, ao longo do tempo, passa a ser incorporado na rotina das pessoas,
contribuindo para a conquista da qualidade total.
A
vantagem é o fato de provocar mudanças comportamentais em todos os níveis
hierárquicos, além de proporcionar a eliminação dos desperdícios, a redução dos
custos e a promoção de uma vantagem competitiva frente à concorrência.
A
figura 2 demonstra como os 5S podem influenciar no processo de mudança
organizacional, bem como nos resultados esperados.
Figura 2 – Influência dos 5s na Mudança Organizacional