A competitividade global força as empresas a
desenvolverem ações ofensivas ou defensivas que visam criar uma posição de
longo prazo sustentável. Essa constatação pode ser observada por meio de uma
breve análise sobre o passado e também o cenário atual em que estamos
inseridos.
Na realidade, a história nos proporciona uma reflexão
sobre os motivos que determinam à sobrevivência ou a “morte” das organizações.
Portanto, os ensinamentos apreendidos contribuem de forma relevante estimulando
de forma sustentável essas ações e transformando as operações de manufatura em
vantagem competitiva.
Lembrando da expressão popular que diz: “de olho no
futuro, sem esquecer o passado”, vamos relembrar o exemplo das montadoras de
automóveis dos Estados Unidos. O declínio e decadência do maior ícone da
supremacia industrial americana no século 20. Na época, o prenúncio da falência
de grandes empresas como, por exemplo, a General Motors – GM motivou uma enorme
mobilização do governo americano para tentar evitar uma tragédia para a economia
americana já estagnada pela crise financeira. Ocorre, no entanto, que a crise
americana apenas agravou o que já estava ruim há muito tempo na GM.
O momento histórico também nos proporcionou a
oportunidade de análise dos motivos que levaram a montadora do porte da GM ao
estado de entropia aguda. A realidade é que a empresa falhou no gerenciamento
da renovação organizacional, isto é, a gestão da mudança. O sucesso de toda
organização está em sua capacidade de se adaptar continuamente ao ambiente
externo ao longo do tempo.
O diferencial está em desenvolver uma cultura
organizacional que age de forma proativa, melhorando seus processos e reduzindo
os custos por meio da eliminação daquelas atividades que não agregam valor.
Caso contrário, esperar que as mudanças aconteçam por simples inércia é
estabelecer uma rota certa rumo ao fracasso.
Revendo o passado, dentre os principais erros
praticados pela GM, pode-se citar os de gestão da mudança, produtos equivocados
em relação às necessidades mercadológicas e, finalmente, uma concorrência
inovadora e de baixo custo.
Para os últimos erros da GM mencionados acima, podemos
tomar como referência a montadora japonesa Toyota que desenvolveu uma vantagem
competitiva sustentável por meio de seu modelo de gestão de operações enxuto,
ágil e adaptável às mudanças contínuas. É nesse contexto que a Toyota se
transformou em objeto de vários estudos realizados pelos seus concorrentes,
assim como também, por empresas dos mais diferentes ramos de negócios.
Ocorre, no entanto, que um modelo que deu certo em uma
organização não necessariamente dará resultado em outra. Se uma empresa quiser
reproduzir, terá que copiar todas as práticas realizadas pelo concorrente, o
que é virtualmente impossível. Portanto, faz-se necessário o desenvolvimento de
uma cultura que possa gerar um diferencial competitivo exclusivo e sustentável.
Muitas são as teorias que indicam como obter vantagem
competitiva, contudo, a combinação de alguns aspectos deve ser considerada para
o desenvolvimento de uma vantagem competitiva sustentável, são eles: a
estratégia proativa, a contínua inovação, os custos baixos e o envolvimento
adequado das pessoas.
Esses três últimos atuam como pilares que sustentam a
estratégia, portanto, não podem ser tratados isoladamente ou ainda simplesmente
focar apenas um em detrimento do outro. A conseqüência para as empresas que
ignoram a combinação simultânea desses aspectos é a entropia organizacional que
leva a falência das empresas.
Vale ressaltar que o problema mais freqüente das
empresas em relação à estratégia está em adotar uma atitude reativa, pelo qual
as organizações agem de forma passiva e subordinada ao ambiente externo. Desta
forma, buscam melhorar seus processos com custos cada vez menores somente após
momentos de crises, no qual são forçados pelas exigências mercadológicas ou
governamentais que influenciam a competitividade global.
O que se espera, na realidade, é uma atitude proativa
dos gestores. Deve-se desenvolver uma estratégia que possa “prever” o futuro
por meio do monitoramento contínuo do ambiente para a identificação de
oportunidades e ameaças, a fim de acertar antecipadamente a hora de promover as
mudanças necessárias nos produtos e processos.
Ocorre, no entanto, que poucos gestores conseguem
identificar os problemas e dar atenção a eles antes que se tornem insolúveis. É
essa capacidade de discernimento que determina o sucesso ou o fracasso dos
profissionais e organizações.
Em situações difíceis, quem analisa antecipadamente o
problema e cria as melhores estratégias está sempre um passo à frente da
concorrência. Em ultimo caso, o que se espera é descobrir que está doente, qual
é a doença e agir para curá-la a tempo. Caso contrário, depois de morto,
resta-nos checar qual foi à razão do falecimento.
Portanto, não é possível deixar para tomar as ações
necessárias somente quando a crise já se instalou. É preciso estar previamente
preparado para ela. A realidade é que a maioria das organizações raramente
enxerga o que é realmente importante em meio à enxurrada de assuntos que
aparecem a todo instante, deixando de valorizar o processo decisório como
deveria.
A conseqüência são decisões equivocadas em seu
conteúdo e tempo de aplicação, portanto, decisões acertadas não são súbitos
momentos de inspiração, elas resultam de processos estruturados requerendo dos
gestores investimento de tempo, energia e conhecimento. Lembrando também que
para decidir é preciso ter experiência e, sobretudo, aprender com cada episódio
vivenciado.
As organizações estão inseridas em um mundo de
crescentes mudanças e transformações, repleto de contingências, coações,
ameaças e oportunidades, em que a mudança contínua é a mola mestra dos
negócios. Entretanto, obter vantagem competitiva requer empresas ágeis e
enxutas, capazes de se adequar aos cenários em constante mutação, além de
aprender continuamente novos métodos e caminhos para o alcance dos resultados
almejados.
Na realidade, o que se revela é a dificuldade de êxito
nesse processo de gestão tendo como consequência grande perda para a saúde do
negócio e até mesmo situações financeiras insustentáveis. Desta forma, a
palavra ‘mudança’ já se tornou regra e não é mais uma exceção ou apenas uma
“moda” de alguns, trata-se de um tema com relevância global. Portanto, a sobrevivência
das organizações cada vez mais dependerá do modo como os gestores lidam com a
Gestão da Mudança.