Recentemente, a presidente do Brasil falou sobre metas na seguinte expressão: “Não vamos colocar uma meta. Vamos deixar a
meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”. Pior que
cômico é o contexto trágico dessa declaração, pois reflete exatamente a atual
situação do nosso país que hoje não realiza as metas estabelecidas e vive uma
das piores crises. O fato é que não colocar uma meta, ou ainda deixar em
aberto, significa não ter um alvo, um objetivo, uma missão, um futuro, um
caminho a seguir. É simplesmente estar perdido. Nesse contexto, lembrei-me do filme
de Alice no país das maravilhas quando encontra o gato na arvore e pergunta: “Senhor gato, que caminho devo tomar?”; O
gato pergunta: “Para onde deseja ir?”;
Respondeu Alice: “Não sei”; Então o
gato conclui: “Se você não sabe para onde
ir, então qualquer caminho serve”.
Não ter
um objetivo, uma meta ou indicadores de desempenho é como estar em um barco à
deriva, onde não há controle sobre o caminho que foi previamente planejado. No mundo
real das organizações, pode-se dizer que não se gerencia o que não se mede. Se não
mede, não pode ser controlado. Se não controla, não pode obter resultado. Se
não tem resultado, não pode ser melhorado. Se não melhora, não pode crescer.
Portanto, não há como administrar aquilo que você não pode quantificar.
Conceitualmente
falando, pode-se dizer que os indicadores são a quantificação de quão bem um
negócio atinge uma meta estabelecida. Portanto, as medidas de desempenho são os
sinais vitais de uma organização e permite verificar a eficácia e a eficiência
com que o processo produz seus produtos ou serviços. Vale ressaltar que somente
é possível o diagnóstico e a solução de uma crise, se for por meio dos
indicadores que respondem as seguintes perguntas típicas: Como melhorar o
desempenho da organização? O que modificar? Quanto melhorar? Onde chegar? Qual
a situação atual em relação a meta? Estamos longe? Como saber se melhorou ou
não?
A presidente
ainda concluiu a frase afirmando que irá alcançar e depois dobrar a meta. Ora!
Essa contradição cômica é impossível de realizar, pois a mesma já havia dito
que não estabeleceria uma meta. Portanto, como então atingir e dobrar algo que
não existe? Na verdade, percebe-se que há um despreparo gerencial generalizado
nos entes da federação brasileira em realizar até mesmo os princípios básicos
da boa gestão, isto é, o trabalho de estabelecer ou interpretar os objetivos e
metas de uma organização e assim tomar as decisões necessárias para alcançá-los
de forma efetiva, competitiva e sustentável.
É muito
importante entender que a atividade estratégica de estabelecer indicadores requer
alguns requisitos que não podem ser negligenciados, tais como: A facilidade de
acesso para coleta, estando disponível a tempo; A simplicidade de ser
compreendido; O baixo custo de obtenção; A capacidade de resposta às mudanças;
A permanência no tempo, permitindo a formação da série histórica; A facilidade
de identificação da origem dos dados, seu registro e a manutenção. Do mesmo
modo, ao se determinar um objetivo, este deve seguir as seguintes dicas básicas:
deve ser uma declaração clara e concisa do que deverá ser feito; algo concreto
e observável; viável em termos de tempo, custo e desafio; estar relacionado
especificamente com os objetivos organizacionais e incluir um cronograma
específico para realização.
Na sequência,
após gerar as informações relevantes para a organização, recomenda-se atender
as seguintes finalidades: utilizar os indicadores para diagnóstico, buscando
identificar os pontos fortes e fracos ou disfunções para propor ações de
melhorias; Despertar e conscientizar a gerência para a necessidade de melhorias
e assim demonstrar o desempenho atual; Controlar a variação do desempenho em
relação a padrões previamente estabelecidos, permitindo, se necessário, ações
corretivas; Identificar as oportunidades de melhorias ou verificar o impacto
dos planos de ação sobre o desempenho dos processos ou da organização em
relação às metas estabelecidas e usar de forma eficaz para o envolvimento e a motivação
das pessoas para a melhoria contínua.
Estabelecer objetivos e metas é uma condição sine qua non para a sobrevivência das
organizações, sejam elas privadas ou públicas. Portanto, não considerá-las ou ainda
negligenciá-las como um elo relevante entre a estratégia e as operações, é
determinar uma rota certa rumo ao fracasso.