sábado, 6 de abril de 2024

O Conto do Abacaxi e o Ambiente Profissional


O Conto do Abacaxi: “Um funcionário, com muitos anos de empresa, estava irritado porque um jovem contratado com pouco tempo foi indicado pelo patrão para uma vaga à qual o antigo empregado pleiteava. Essa vaga implicaria em aumento salarial e responsabilidades equivalentes. Nesse contexto de insatisfação, o funcionário se apresenta ao chefe para questionar. Porém, o chefe não permite que ele comece a expor o motivo de sua insatisfação. Ao invés disso, o patrão faz um pedido:

– Há um vendedor de abacaxis parado aí do outro lado da rua. Veja quanto está o abacaxi.

Sem muita vontade, e até um tanto indignado pelo estranho pedido, o funcionário foi e voltou quase uma hora depois, pois havia aproveitado para fumar, tomar café na padaria da esquina e conversar com conhecidos que passavam. Retornando, o patrão perguntou:

– Qual é o preço unitário do abacaxi pérola?

– Não sei se era a abacaxi pérola, mas o que ele tem lá custa R$3,00.

– Ele fornece para a empresa?

– Não sei.

O chefe pediu que o funcionário mais velho aguardasse e mandou chamar o mais novo. Para o novo, o chefe pediu para que realizasse a mesma tarefa: saber o preço do abacaxi. Ele foi e voltou em menos de dez minutos. O patrão fez a mesma pergunta:

– Qual é o preço unitário do abacaxi pérola?

– São R$3,00.

– Ele fornece para a empresa?

– Sim. Dei meu cartão e fiquei com o contato dele.

– Ele oferece algum desconto?

– Para compras acima de 100 unidades, ele oferece 20% de desconto para o abacaxi pérola e 25% para o abacaxi cayenne.

– Em quanto tempo ele entrega?

– Até as 08:00, do dia posterior ao pedido.

– Há mais alguma coisa que eu precise saber?

– Ele também fornece outras frutas e dá descontos conforme a fruta, a quantidade pedida e a disponibilidade.

Após essa última resposta, o chefe se dirige ao funcionário mais antigo e pergunta qual era o assunto do qual este queria tratar. O funcionário responde que não era importante e se retira humilhado, mas tendo aprendido uma valiosa lição.”

Análise Crítica: O conto "O Conto do Abacaxi" apresenta uma narrativa que ilustra uma importante lição sobre iniciativa, eficiência e adaptabilidade no ambiente de trabalho. A história enfatiza a diferença de abordagem entre um funcionário mais antigo e um recém-contratado quando confrontados com uma tarefa aparentemente trivial, mas que revela muito sobre suas habilidades e atitudes profissionais.

O funcionário mais antigo, inicialmente irritado e até mesmo indignado com a tarefa aparentemente inútil de verificar o preço do abacaxi, encara o pedido do chefe com relutância. Sua abordagem é desinteressada, procrastinando e utilizando o tempo para satisfazer seus próprios interesses, como fumar, tomar café e conversar com conhecidos. No entanto, ao retornar com uma resposta básica e incompleta, ele não consegue fornecer informações úteis para o chefe.

Por outro lado, o funcionário mais novo demonstra uma atitude completamente diferente. Ele aborda a tarefa com prontidão e eficiência, retornando rapidamente com informações precisas e relevantes sobre o preço do abacaxi, o fornecedor, descontos disponíveis, prazos de entrega e até mesmo a possibilidade de fornecimento de outras frutas. Sua atitude proativa e sua capacidade de obter informações detalhadas demonstram sua competência e disposição para assumir responsabilidades.

A reação do chefe ao comparar as duas abordagens é reveladora. Ao perceber a diferença de desempenho e disposição entre os dois funcionários, ele reconhece o valor da iniciativa, eficiência e adaptabilidade do funcionário mais novo. A humilhação silenciosa do funcionário mais antigo ao perceber sua própria falta de eficácia é uma lição valiosa sobre a importância de se manter atualizado, ser proativo e estar disposto a aprender e se adaptar no ambiente de trabalho.

Em suma, "O Conto do Abacaxi" serve como uma reflexão sobre a importância de atitudes e comportamentos proativos, eficientes e adaptáveis no ambiente profissional. Ele destaca como a capacidade de responder prontamente às demandas do trabalho e buscar soluções eficazes pode influenciar diretamente o reconhecimento e o sucesso na carreira.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Como e Por que Algumas Pessoas Ajustam seus Comportamentos, Opiniões e Crenças?

 


A Teoria da Conformidade, de Solomon Asch, na década de 1950, explora como e por que os indivíduos ajustam seus comportamentos, opiniões e crenças para se alinharem aos padrões sociais, especialmente quando confrontados com a pressão de um grupo. A conformidade refere-se à mudança de comportamento ou crença para se adequar às normas sociais ou expectativas do grupo.

Os principais elementos dessa teoria são: As normas sociais são regras e expectativas implicitamente aceitas em uma sociedade ou grupo. Elas influenciam o comportamento, as atitudes e as crenças dos indivíduos. A conformidade é um exemplo de influência social, que pode ocorrer de duas formas principais: conformidade normativa e a conformidade informativa.

A conformidade normativa se refere ao desejo de ser aceito e evitar rejeição ou conflito. Os indivíduos se conformam para se encaixar no grupo, mesmo que discordem internamente. A conformidade informativa se refere à aceitação de informações ou opiniões do grupo como corretas. Os indivíduos podem se conformar porque acreditam que o grupo possui conhecimento ou é mais experiente.

Diversos fatores podem influenciar o grau de conformidade, como a coesão do grupo, a presença de um líder de opinião, a cultura social e a ambiguidade da situação. Em geral, grupos maiores têm mais influência na conformidade do que grupos menores. No entanto, existe um ponto em que a adição de mais membros ao grupo não aumenta significativamente a conformidade, conhecido como "efeito de saturação".

Vale ressaltar que nem todos os indivíduos se conformam automaticamente. Alguns resistem à conformidade, demonstrando independência ou mantendo suas opiniões originais. Asch também distinguiu entre conformidade pública (quando as pessoas concordam publicamente, mas discordam internamente) e conformidade privada (quando as pessoas realmente aceitam as crenças do grupo).

Para investigar a influência da pressão do grupo nas escolhas individuais, Asch desenvolveu um interessante experimento. O experimento foi projetado para examinar até que ponto os participantes se conformariam com a opinião da maioria, mesmo que essa opinião fosse claramente incorreta.

O experimento ocorreu assim: os participantes eram recrutados para o estudo como um teste de percepção visual. Em cada sessão do experimento, havia um participante real e vários outros que estavam cientes do experimento e instruídas a dar respostas combinadas.

No primeiro momento, as participantes viam duas cartas. Na primeira carta, havia uma linha de referência e, na segunda, três linhas, uma das quais correspondia em comprimento à linha de referência. Após a visualização das linhas, a tarefa era simples: os participantes deveriam indicar qual das três linhas na segunda carta correspondia à linha de referência na primeira carta.

Nesse momento, as pessoas já escolhidas e combinadas davam respostas antes do participante real. Em algumas rodadas, os combinados davam respostas corretas, mas em outras, todos eles concordavam em escolher uma linha errada e que era claramente mais curta ou mais longa do que a linha de referência.

O participante real ficava em uma posição para responder depois dos combinados. O que se constatou foi que o participante real se conformava com a resposta da maioria do grupo, mesmo que essa resposta fosse objetivamente incorreta.

Nesse contexto, os resultados do experimento de Asch revelaram que, em média, cerca de um terço dos participantes se conformavam com a opinião da maioria em pelo menos metade das tentativas. A conformidade observada foi frequentemente atribuída à pressão do grupo, indicando uma forma de conformidade normativa. Portanto, concluiu-se que os participantes não queriam se destacar ou ser julgados negativamente pelo grupo pelas escolhas que fizeram.

Ainda, embora muitos participantes tenham concordado publicamente com a opinião da maioria, Asch também descobriu que, em entrevistas pós-experimento, alguns participantes mantinham suas opiniões originais. Isso sugere a presença de conformidade pública (adesão externa) e resistência à conformidade privada (adesão interna). O experimento destacou ainda a influência significativa do contexto social na tomada de decisões individuais, mesmo em tarefas simples e objetivas.

O Experimento de Asch continua sendo um marco na psicologia social e é frequentemente citado ao discutir temas como conformidade, influência social e dinâmicas de grupo. Asch acabou fornecendo uma visão profunda sobre como as pessoas podem ajustar seu comportamento para se encaixarem nas expectativas sociais, mesmo que isso signifique discordar de uma evidência óbvia e correta.