Indicar erros é sempre muito mais fácil que propor soluções. Porém, no
caso do governo Dilma, os erros são tão numeroso, evidentes e graves que fica
fácil qualquer pessoa apontar erros. Já escrevi em meu artigo anterior sobre as
causas e possíveis soluções para a nossa atual crise de gestão. Portanto, agora,
escrevo sobre alguns erros que considero os mais graves e importantes da atual
gestão. Vale lembrar que os princípios que menciono aqui são como um
guarda-chuva que podem se desdobrar em acertos ou erros, dependendo de como o gestor
os conduz.
Para mim, um dos mais importantes princípios básicos da gestão, muito negligenciado
pelo atual governo, é a Estratégia. Digo isso porque é o principal erro que
levou o nosso país ao estado atual de entropia aguda. Percebe-se que não há
ações planejadas que visam uma vantagem competitiva sustentável. O governo
simplesmente espera que os resultados ocorram por inércia. Na verdade, o que se
observa é uma atitude reativa, passiva e subordinada aos acontecimentos, onde
se toma as ações necessárias apenas quando são forçados ou quando uma crise já
se instalou.
Nosso governo age sem uma previsibilidade futura ou de monitoramento
contínuo do mercado. Não há o uso efetivo dos indicadores de desempenho para
uma gestão estratégica que torne o país mais competitivo. Não há uma avaliação contínua
com o objetivo de avaliar tendências, situação atual e caminhos futuros a
seguir. É como se o Brasil fosse um barco a deriva e sem um capitão no leme. Infelizmente,
nosso governo não consegue identificar os problemas e dar atenção a eles antes
que se tornem insolúveis. Nossos “gestores” atuam mais como “bombeiros”
apagando diariamente os incêndios da crise que vivemos. Observa-se que sem uma
estratégia adequada, até os recursos são aplicados de forma errada. Dessa
forma, caso esse cenário não mude, no final, depois de morto, resta-nos apenas checar
qual foi à razão do falecimento e enterrar o país.
É importante lembrar que o governo não pode deixar para tomar as ações
necessárias somente quando a crise já se instalou. É preciso estar previamente
preparado para ela. Ocorre, no entanto, que nosso governo raramente enxerga o
que é realmente importante em meio à enxurrada de problemas que aparecem a todo
instante. Dessa forma, não valoriza o processo decisório como deveria. As
consequências são decisões equivocadas em seu conteúdo e tempo de aplicação. Na
verdade, os atuais escândalos de corrupção pararam todas as ações necessárias para
uma gestão eficiente. Não há, portanto, uma gestão voltada para a atual crise. As
bases da gestão de riscos e governança corporativa foram esquecidas. O fato é
que decisões acertadas não são súbitos momentos de inspiração, elas resultam de
processos estruturados requerendo dos gestores investimento de tempo, energia e
conhecimento. Lembrando também que para decidir é preciso ter experiência, competência
e humildade, mas, sobretudo, aprender com cada episódio vivenciado.
O atual governo perdeu totalmente a credibilidade, a confiança e o respeito.
Segundo as recentes pesquisas, a maioria do povo brasileiro, também aqueles que
votaram a favor em um primeiro momento, já não acreditam na capacidade do atual
governo em reverter à situação de crise. Importante ressaltar que para qualquer
gestor é impossível conduzir uma equipe ou um país dessa forma. É como costumo
dizer sobre os modos operacionais da boa gestão, isto é, não há como obter
resultados sem que haja o comprometimento das pessoas envolvidas. Nesse caso,
não há como sustentar um governo sem o apoio do povo que o elegeu.
Para solucionar esse problema, o governo quer agora realizar um ajuste
fiscal. O objetivo é simplesmente estancar a sangria da atual crise, restaurar
o balanço das contas públicas e tentar resgatar a confiança no país pelo
mercado. Como gestor que sou, costumo dizer que com muitos recursos é fácil
obter resultados, até mesmo para os mais ineficientes e incompetentes gestores.
Quero ver é entregar o mesmo resultado com os recursos escassos.
Infelizmente, nosso governo comete os mesmos erros de sempre, isto é, aumento
contínuo da tributação, porém, sem se preocupar em ser mais eficiente, reduzindo
os custos e eliminando os desperdícios da máquina pública. É como diz um famoso
guru da Administração: “Não existem
países ricos nem países pobres, mas sim países bem-administrados e países
mal-administrados. Daí, a amplitude e grandeza com que se apresenta a Gestão Pública”
– Peter Drucker