sábado, 18 de setembro de 2010

Contexto Cenário Mercadológico

Como profissional da indústria, com vários anos de experiência e também professor-pesquisador, tenho vivenciado na prática um grande número de teorias sobre gestão da mudança. No entanto, tenho percebido que essa enorme dispersão de ideias acaba por confundir as organizações sobre como e quais teorias, combinadas ou não, podem efetivamente proporcionar resultados concretos.
Percebe-se que esse contexto é o mesmo verificado no Brasil e também em outros lugares do mundo, pelo qual pode ser comprovado por meio de pesquisas que registram os seguintes dados: No Brasil, o SEBRAE informa uma pesquisa constatando que 72% dos programas de mudança para o ambiente organizacional fracassam.
Também nos EUA, Europa e Austrália, uma empresa de consultoria chamada BAIN & COMPANY registra os resultados de uma pesquisa, no qual 70% dos programas de mudanças falham. Ainda nessa mesma pesquisa, a metade dos 223 executivos pesquisados afirmam que não possuem métodos e habilidades suficientes para realizar uma gestão efetiva da mudança.
Forsberg, Nilsson & Antoni (1999) relatam a frustração percebida quando na aplicação da gestão por processos, no qual os resultados podem ser significativamente mais baixos que os efeitos esperados. Esses autores comentam que existem muitas literaturas que apresentam a gestão por processos como uma revolução acessível a todas as organizações. Ocorre, no entanto, que as mudanças organizacionais exigem muito esforço, recursos e tempo para que o resultado esperado seja alcançado.
Essa realidade também é confirmada por Thomaz Wood Jr. que em seu livro intitulado ‘Gestão da Mudança’, mostra uma realidade no qual 2/3 dos gerentes consideram insuficientes os resultados obtidos pelos projetos de mudança. Portanto, percebe-se que a problemática em gerir mudanças não é apenas uma realidade nacional e sim global.
O fato é que há uma lacuna entre as expectativas geradas e os resultados alcançados. Portanto, é essa problemática que motiva a elaboração dessa obra, pelo qual se realiza a integração entre as principais teorias existentes e a prática vivenciada dentro das indústrias.
O resultado foi o desenvolvimento de um modelo de gestão que promove o gerenciamento eficaz do processo de transição entre o estado atual e o estado futuro que a organização deseja alcançar.
Além da revisão bibliográfica das terminologias, apresenta-se toda a metodologia utilizada para a aplicação do modelo dentro de um ambiente industrial, portanto, abre a oportunidade do mesmo ser replicado em qualquer empresa independente do ramo de atuação.
No entanto, o sucesso do desenvolvimento do modelo, contou com a participação ativa do que há de mais importante dentro das organizações: às pessoas. Portanto, é o fator humano que influencia toda a organização e é a base que ativa todas as estratégias organizacionais, por meio do comprometimento e da competência desenvolvida.
Segundo Silva (2001) as maiores dificuldades encontradas na implantação de novas filosofias é a mudança da cultura organizacional em todos os níveis hierárquicos, ponto fundamental para a busca da excelência dos novos processos.
Para Ballé & Ballé (2007) a maioria das tentativas de implantar uma nova filosofia de trabalho fracassa nas empresas porque não adianta somente implementar novas terminologias, ferramentas e princípios. É preciso, sobretudo, incorporar uma nova mentalidade nas pessoas.
O modelo desenvolvido é apresentado por meio de um estudo de caso realizado em uma indústria do ramo eletro-eletrônico, pelo qual se demonstra a aplicação prática e integrada das ferramentas, a fim de promover o gerenciamento eficaz do processo de mudança e o desenvolvimento do aprendizado organizacional na busca contínua por melhores resultados.
Portanto, trata-se do resultado de uma pesquisa científica que traz respostas práticas para questões do tipo: Como transformar as operações em uma vantagem competitiva sustentável? Como garantir mudanças bem-sucedidas nas organizações? Como estimular o aprendizado organizacional, a melhoria contínua dos processos, a transformação do ambiente de trabalho, melhores resultados nos indicadores de desempenho e a participação ativa dos colaboradores nesse processo?
A aprendizagem organizacional que se deseja, depende da absorção de novas técnicas e pressupõe essencialmente a adoção de nova postura por parte das pessoas. Logo, pretende-se estimular nas empresas a construção de uma cultura de aprendizagem contínua por meio do ensino teórico e prático das terminologias de paradigma, gestão da mudança, aprendizado organizacional, ferramentas e técnicas gerenciais de liderança e trabalho em equipe.
A competitividade global força as empresas a desenvolverem ações ofensivas ou defensivas que visam criar uma posição de longo prazo sustentável. Essa constatação pode ser observada por meio de uma breve análise sobre o cenário atual em que estamos inseridos, o qual nos proporciona uma reflexão sobre os motivos que determinam à sobrevivência ou a “morte” das organizações.
Portanto, os ensinamentos apreendidos nessa obra contribuem de forma relevante, estimulando de forma sustentável essas ações e transformando as operações de manufatura em vantagem competitiva.
Vejamos o exemplo das montadoras de automóveis dos Estados Unidos, cujo declínio nos tornou testemunhas da decadência do maior ícone da supremacia industrial americana no século 20. O prenúncio da falência de grandes empresas, como por exemplo, a General Motors – GM. Motivou uma enorme mobilização do governo americano para tentar evitar uma tragédia para a economia americana já estagnada pela crise financeira. Ocorre, no entanto, que a crise americana apenas agravou o que já estava ruim a muito tempo na GM.
O momento histórico também nos proporcionou a oportunidade de análise dos motivos que levaram a montadora do porte da GM ao estado de entropia aguda. A realidade é que a empresa falhou no gerenciamento da renovação organizacional, logo, a essência do sucesso de toda organização está em sua capacidade de se adaptar continuamente ao ambiente externo ao longo do tempo.
Desta forma, o livro demonstra como as empresas podem desenvolver uma cultura organizacional que age de forma proativa, melhorando seus processos e reduzindo os custos por meio da eliminação daquelas atividades que não agregam valor (os desperdícios). Caso contrário, esperar que as mudanças aconteçam por simples inércia é estabelecer uma rota certa rumo ao fracasso.
Dentre os principais erros praticados pela GM, podem-se citar os de gestão da mudança, produtos equivocados em relação às necessidades mercadológicas e, finalmente, uma concorrência inovadora e de baixo custo.
Para esse último, toma-se como referência a montadora japonesa Toyota que desenvolveu uma vantagem competitiva sustentável por meio de seu modelo de gestão das operações enxuto, ágil e adaptável às mudanças contínuas.
Desta forma, tornando-se atualmente objeto de vários estudos realizados pelos seus concorrentes, assim como também, por empresas dos mais diferentes ramos de negócios.
Ocorre, no entanto, que um modelo que deu certo em uma organização não necessariamente dará resultado em outra. Se uma empresa quiser reproduzir, terá que copiar todas as práticas realizadas pelo concorrente, o que é virtualmente impossível. Portanto, essa obra pretende contribuir para o desenvolvimento de um diferencial competitivo exclusivo e sustentável.
Muitas são as teorias que indicam como obter vantagem competitiva, contudo, a combinação de alguns aspectos devem ser considerados para o desenvolvimento de uma vantagem competitiva sustentável, são eles: a estratégia proativa, a contínua inovação, os custos baixos e o envolvimento adequado das pessoas.
Esses três últimos atuam como pilares que sustentam a estratégia, portanto, não podem ser tratados isoladamente ou ainda simplesmente focar apenas um em detrimento do outro. A conseqüência para as empresas que ignoram a combinação simultânea desses aspectos é a entropia organizacional que leva a falência das empresas.
O problema das empresas em relação à estratégia está em adotar uma atitude reativa, pelo qual as organizações agem de forma passiva e subordinada ao ambiente externo. Desta forma, buscam melhorar seus processos com custos cada vez menores somente após momentos de crises, no qual são forçados pelas exigências mercadológicas ou governamentais que influenciam a competitividade global (ver figura 1).



Figura 1 – Atitude organizacional com estratégia reativa

Entretanto, o que se espera é uma atitude proativa dos gestores permitindo uma previsibilidade futura por meio do monitoramento contínuo do ambiente para a identificação de oportunidades e ameaças, a fim de acertar antecipadamente a hora de promover as mudanças necessárias.
Ocorre, no entanto, que poucos gestores conseguem identificar os problemas e dar atenção a eles antes que se tornem insolúveis. É essa capacidade de discernimento que determina o sucesso ou o fracasso dos profissionais e organizações.
Em situações difíceis, quem analisa antecipadamente o problema e cria as melhores estratégias está sempre um passo à frente da concorrência. Em ultimo caso, o que se espera é descobrir que está doente, qual é a doença e agir para curá-la a tempo. Caso contrário, depois de morto, resta-nos checar qual foi a razão do falecimento.
Portanto, não é possível deixar para tomar as ações necessárias somente quando a crise já se instalou. É preciso estar previamente preparado para ela. A realidade é que a maioria das organizações raramente enxerga o que é realmente importante em meio à enxurrada de assuntos que aparecem a todo instante, deixando de valorizar o processo decisório como deveria.
A conseqüência são decisões equivocadas em seu conteúdo e tempo de aplicação, portanto, decisões acertadas não são súbitos momentos de inspiração, elas resultam de processos estruturados requerendo dos gestores investimento de tempo, energia e conhecimento. Lembrando também que para decidir é preciso ter experiência e, sobretudo, aprender com cada episódio vivenciado.
As organizações estão inseridas em um mundo de crescentes mudanças e transformações, repleto de contingências, coações, ameaças e oportunidades, em que a mudança contínua é a mola mestra dos negócios. Entretanto, obter vantagem competitiva requer empresas ágeis e enxutas, capazes de se adequar aos cenários em constante mutação, além de aprender continuamente novos métodos e caminhos para o alcance dos resultados almejados.
Na realidade, o que se revela é a dificuldade de êxito nesse processo de gestão tendo como consequência grande perda para a saúde do negócio e até mesmo situações financeiras insustentáveis. Desta forma, a palavra ‘mudança’ já se tornou regra e não é mais uma exceção ou apenas uma “moda” de alguns, trata-se de um tema com relevância global.
Portanto, a obra comprova sua relevância mercadológica, pois, também se torna em um precioso instrumento de capacitação para lideres e liderados. Vale lembrar que o alcance dos benefícios desta obra não se limita apenas à indústria, mas também para outros setores do sistema de negócio.