terça-feira, 3 de setembro de 2013

Liderança: fator chave no sucesso das organizações

Por que em algumas áreas de uma mesma planta, ou em diferentes plantas de uma mesma empresa, os resultados e o programas de mudanças tem mais velocidade e sustentação do que em outras? Mais do que as diferenças de tecnologia de produtos e processos, a liderança é um dos fatores críticos mais relevantes para o sucesso das organizações. Sempre que há um indivíduo decidido a coordenar esforços, alocar recursos, convencer, estimular e motivar um grupo, as coisas acontecem.
O sucesso da organizações pode assim estar nas atitudes, comportamentos e exemplos dos líderes, nos diversos níveis. Ocorre que muitas perguntas ainda geram dúvidas no meio organizacional, tais como: O que há de peculiar a respeito do papel da liderança? Quais são as características da liderança capaz de impulsionar e manter resultados e mudanças? Para responder essas perguntas, segue algumas dicas que que considero fundamentais para o perfil do novo líder:
1. Visão do gemba: O líder deve entender completamente as situações de trabalho a partir de uma compreensão própria, adquirida diretamente no gemba (local de trabalho) e com seus próprios olhos. Ele deve buscar as informações, sugerir ações corretivas e entender profundamente os detalhes, quase tão bem quanto seus colaboradores. Os "chefes" tradicionais, baseiam-se demais em relatórios e informações imprecisas. Fazem reuniões em excesso e acreditam poder controlar tudo à distância. Deste modo, acabam tornando-se autoritários, não por características pessoais, mas por basear suas decisões preponderantemente em sua posição. Esses tipos, afastam-se cada vez mais do gemba, aumentando ainda mais a sua ignorância. Assim, cria-se um círculo vicioso em que a falta de conhecimento gera uma crescente distância que, por sua vez, aumenta o desconhecimento. Ao se aproximar do local onde o trabalho acontece, com propósitos definidos e foco claro, o verdadeiro líder pode entender a situação com profundidade e assim ampliar o seu próprio conhecimento e senso crítico, sendo capaz de tomar (ou orientar) decisões mais adequadas. Ele não deve necessariamente resolver e decidir tudo, pois assim alienaria as pessoas. Para evitar isso, é importante entender a segunda característica da liderança.

2. Estímulo ao desenvolvimento e aprendizado das pessoas: O líder de fato, deve ter uma enorme preocupação em ensinar e fazer com que todos ampliem seus conhecimentos e habilidades. Este aprendizado ocorre através da resolução prática de problemas e do pensamento científico (ex: PDCA, 5 porquês, ferramentas da qualidade, entre outras). Desta forma, o líder não teme perder sua posição e autoridade porque seus subordinados sabem tanto quanto, ou até mais do que ele. Desenvolver as pessoas significa principalmente estimular a iniciativa e fazer com que as pessoas assumam mais responsabilidades. O novo líder deve estimular as pessoas a pensar, fazendo as perguntas certas e nem sempre oferecendo as respostas certas. De um lado, deve confiar nas pessoas ao delegar extensamente, mas, ao mesmo tempo, deve acompanhar e cobrar ações e resultados, de acordo com a maturidade de cada pessoa. Ele também deve demonstrar sempre a gratidão e ter a humildade de reconhecer a importância de todos para o bom andamento dos trabalhos, mas também deve ser exigente e demandante. O líder estimula o trabalho em equipe e promove os membros do grupo (não se promove a partir deles), com uma grande capacidade de motivar e energizar as pessoas, assim como o poder de persuasão e habilidade de promover consensos. Portanto, a liderança que todos esperam deve decorrer do exemplo, tipo: “faça como eu faço” e não o “faça como eu falo”. Por isso, entender como o líder executa o seu próprio trabalho é fundamental. Os líderes devem atuar com projetistas, regentes e professores. O líder de fato é responsável por construir organizações onde as pessoas expandem continuamente suas capacidades de entender complexidades, esclarecer visões, e aperfeiçoar modelos mentais compartilhados, isto é, são responsáveis pela aprendizagem.

3. Administração do tempo: A preocupação do líder com a administração do seu próprio tempo, mostra como ele precisa dar o exemplo de que está, o tempo todo, preocupado em criar valor ou apoiar aqueles que estão no gemba. Ou seja, deve dedicar o seu tempo disponível em atividades que adicionam valor para o cliente final. O foco deve ser tanto na eficiência (fazer com o menor volume de recursos possível) como na eficácia (fazer a coisa certa). O líder deve ter senso de prioridade e urgência, procurando resolver as coisas imediatamente, sempre que possível, não postergando decisões a menos que se requeira um exame mais criterioso e aprofundado. Não se compromete além da capacidade, reconhece os próprios limites, cumpre o estabelecido e prometido e cobra dos outros o mesmo. Sabe planejar, priorizar o trabalho e demonstrar isso para seus colaboradores. Além disso, deve evitar situações de irregularidade e sobrecarga em seu próprio trabalho. Também evitando isso no trabalho dos outros, para não causar estresse desnecessário, bem como retrabalhos, correções, duplicações, entre outros.

4. Busca pela melhoria contínua: O líder estimula a melhoria contínua provocando a insatisfação permanente. Ou seja, procura sempre oportunidades de apontar e enfatizar os problemas para com isso promover as melhorias. Sempre com foco nas necessidades dos clientes. O papel líder é provocar "crises" permanentes para gerar melhores resultados. Muitas lideranças tradicionais esperam soluções e não problemas. O líder de fato, espera que os problemas estejam expostos, visíveis, claros e bem compreendidos. Ele se preocupa menos com o culpado ou responsável e mais com o processo que gerou o problema e quais foram suas causas. Isso ocorre por meio do foco no valor (e na eliminação dos desperdícios/perdas), na busca pela satisfação do cliente, desenvolvendo pessoas, no  aprendizado, na administração do seu tempo, na conquista da melhoria e no compromisso com os resultados. Portanto, tudo deve ser contabilizado entre as preocupações fundamentais da liderança. No entanto, faz-se necessário que o líder não esqueça de estabilizar e padronizar todo o trabalho conquistado, caso contrário, tudo o que foi melhorado, não terá sustentabilidade. O novo líder tem visão sistêmica, porém, com capacidade analítica para transitar facilmente entre o micro e o macro. Deve olhar sempre para os estados futuros, através de um planejamento estratégico e com visão de longo prazo. 

5. Agente de mudança: O líder deve atuar como agente de mudança. A áreas onde o líder não se apresenta como suporte acontece uma quebra da cadeia de patrocínio abaixo dele, fazendo com que parte da organização fique alienada a mudança. Desta forma, o líder deve se apresentar como patrocinador para os membros das equipes, pois, as equipes prezam o gerenciamento no local de trabalho apenas quando eles podem ver que os lideres estão lá para ajudá-los e orientá-los. Não somente para comandá-los, dizendo o que devem ou não fazer, pois o exemplo fala mais do que as palavras. Os tipos de pessoas que cada empresa produz dependem centralmente dos paradigmas que esta organização professa. Deste modo, as lideranças devem questionar esses paradigmas e verificar se são coerentes com a organização que pretendem desenvolver. O líder da mudança valoriza grandes pessoas e grandes ideias e cria um ambiente para elas prosperarem. O mesmo investe tempo significativo em construir equipes notáveis, servindo de inspiração para que os outros atinjam níveis mais elevados de desempenho e crescimento. Entretanto, quando o líder é negligente neste ponto, o favoritismo acaba formando coalizões políticas (as “panelinhas”) dentro da empresa, prejudicando o afloramento da inovação. A consequência é o aparecimento do bajulador, também vulgarmente chamado de ‘puxa-saco’. Ocorre que essa figura,  muitas vezes encontrada nas empresas, só existe porque também  há o “chefe” que gosta de ser bajulado, transformando as relações inter-pessoais em um jogo de ego danoso para a organização. O “chefe” geralmente gosta porque se acha um rei e precisa de súditos. O bajulador, por sua vez, age desta forma porque tem insegurança de sua capacidade como profissional, portanto, tem medo da concorrência de outras ideias inovadoras, que ele mesmo não teve competência para desenvolver. O bajulador atrapalha o processo de renovação organizacional, pois, prende-se em coalizões políticas que acabam gerando uma competição predatória entre os colegas, desmotivando a equipe e interferindo diretamente nos resultados. Gerenciar o processo de mudança não transforma más notícias em boas notícias imediatamente. Ao contrário do que se espera, garante que a implementação da mudança seja realizada de forma planejada, controlada, contínua e sustentável. Para tanto, exigem-se algumas habilidades básicas, tais como: acreditar na mudança, disciplina no processo e perseverança em conduzir as pessoas para o desenvolvimento do comprometimento necessário. Vale lembrar que o sucesso da renovação organizacional somente ocorre por das pessoas, portanto, envolvê-las adequadamente é condição fundamental para que os resultados apareçam.

6. Atributos e Resultados: O líder é o produto entre os atributos daquilo que ele é e faz, e os resultados que ele entrega (L = A x R). Os resultados compreendem tudo aquilo que satisfaz os interesses das partes interessadas em um negócio, tais como: os sócios, os colaboradores, o governo, a sociedade, os clientes, os fornecedores, entre outros. Já os atributos, contam com uma série de características que descrevem aquilo que o líder é e faz, tais como: Ele se torna aquilo que diz ser; Ele assume a responsabilidade; Ele não perde tempo julgando os outros; Ele é totalmente comprometido; Ele não despreza as pequenas coisas; Ele age (faz acontecer); Ele sempre tem um plano; Ele desenvolve pessoas (forma um time); Ele rompe barreiras; Ele se importa com os outros; Ele treina substitutos; Ele sempre está disposto a mudar; Ele desafia as pessoas com uma visão; Ele está aberto às pessoas e suas ideias; Ele é transparente e flexível; Ele acredita na sua equipe; Ele define claramente as recompensas do trabalho; Ele define claramente os objetivos e metas; Ele trata todos como iguais, porém de acordo com suas personalidades e situação; Ele educa, corrige e disciplina quando necessário; Ele envolve a equipe; Ele dá o exemplo; Ele agradece em público; Ele sabe negociar; Ele dá feedback em particular; Ele defende os membros da equipe; Ele delega autoridade ao seu time; Ele sabe que ninguém vence até que todos vençam.

Com base no todo exposto, deixo as seguintes perguntas para reflexão: Você acha que está falhando como líder? Você acha que está mais para "chefe" do que líder? Que tal começar a ser um LÍDER de fato, a partir de agora?. Está triste porque não possui os atributos requeridos?. Não se desespere, pois tenho uma boa notícia para você. A liderança pode ser desenvolvida. Portanto, comece agora a treinar com a dicas que lhe dei. Boa jornada!