terça-feira, 2 de junho de 2015

A Lei de Responsabilidade Fiscal e o Equilíbrio das Contas Públicas

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi estabelecida pela Lei complementar N.101, de 04/05/2000. Ela determina parâmetros a serem seguidos pelos entes federativos para a gestão do gasto público. São restrições orçamentárias visando preservar a situação fiscal, garantir a saúde financeira de estados e municípios, da aplicação efetiva dos recursos públicos e a garantia administrativa para os gestores futuros.
Analisando a atual situação brasileira, verifica-se que há uma explícita negligência na gestão da “res pública”. O atual governo comete os mesmos erros continuamente, isto é, aumenta a tributação sem se preocupar com a redução efetiva dos custos e a eliminação eficiente dos desperdícios da máquina pública. Um exemplo é a recente constatação do Tribunal de Contas da União (TCU) que emitiu um relatório responsabilizando o governo por descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (chamada de “pedaladas fiscais”). O TCU concluiu que os recursos da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) foram usados indevidamente nos exercícios de 2013 e 2014, a fim de melhorar artificialmente o resultado das contas públicas.
Agora, em 2015, o governo começa a realizar uma nova manobra para, novamente, tentar “melhorar” o resultado do orçamento público. A estratégia consiste em realizar um ajuste fiscal para equilibrar as contas do Estado, a fim de garantir um fechamento positivo na apuração do orçamento e fluxo de caixa. Em resumo, trata-se de garantir um resultado positivo na diferença entre receita e despesas. Ocorre que esse ajuste fiscal nada mais é que um corte forçado no orçamento, somado com aumento de impostos. No entanto, esses cortes irão afetar fortemente todas as áreas da administração pública, tais como: educação, saúde, investimentos em infraestrutura, segurança e entre outras. Vale lembrar, que no final dessa linha de cortes, haverá sempre alguém que irá sofrer com a falta dos recursos eliminados e ainda somado ao aumento da tributação. Estou falando do povo brasileiro que será a grande vítima desse processo.
O grande problema do nosso país é que essa metodologia é recorrente e sempre utilizada quando há uma crise instalada, assim como a que vivemos agora. Portanto, não há nada novo no “modus operandi” da administração pública brasileira. Esse ciclo vicioso de gastar mais do que se arrecada é prática comum na maioria dos estados e municípios, começando pelo mau exemplo do governo federal. É triste ver que à falta de competência gerencial, somado aos interesses partidários e políticos, continuam afetando os resultados da Gestão Pública Brasileira. Infelizmente, percebe-se que a solução primeira do Estado é sempre a solicitação de empréstimos e/ou aumento de impostos para cobrir o desequilíbrio financeiro. Além de tudo, há também o “vírus” da corrupção que consome grande parte dos recursos públicos (tributos) que deveriam ser usados para a manutenção da saúde fiscal do país.
Desta forma, cria-se uma “roda gigante diabólica” com o desdobramento dos resultados negativos para todos os estados e municípios, pois não recebem os repasses federativos e os investimentos necessários para garantir o bom funcionamento da máquina pública. Sendo assim, congelam drasticamente o crescimento necessário para gerar a estabilidade econômica do consumo e da produção. Do mesmo modo, estados e municípios seguem como “fiéis discípulos” desse comportamento irresponsável no controle do orçamento público. Fato esse comprovado pela atual dívida pública que é constantemente aumentada, a fim de financiar o déficit orçamentário.
Já é fato consumado que o nosso país está em profunda crise financeira (também processo de “entropia aguda”). Inevitáveis são os cortes nas despesas, assim como nós também fazemos quando em processo de contenção das despesas familiares. Ocorre que os erros contínuos de gestão no Brasil não param. A forma como esse ajuste fiscal está sendo conduzido é totalmente errada. Constata-se, mais uma vez, que o governo adota uma postura do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Fato esse evidenciado quando o governo incha a máquina pública com inúmeros cargos comissionados, órgãos públicos redundantes e ministérios em excesso, a fim de negociar apoio político e manter um poder centralizador e autoritário. Também com a aplicação ineficiente dos recursos públicos, bem como os desvios através dos constantes casos de corrupção. Como diria um famoso jornalista da TV: Isso é uma vergonha!