quarta-feira, 30 de maio de 2012

Eu, Profissional e Professor Mestre

Como um profissional / professor mestre pode transmitir conhecimento para outras pessoas? Como obter resultados efetivos na relação mestre e aprendiz? Vale a pena ser professor nos dias atuais? Qual a função do professor em sala de aula? Essas perguntas são questões que ficaram em minha mente por algum tempo, principalmente depois que recebi a outorga do título de Mestre. Na ocasião, vivi a mesma emoção e satisfação que em minhas primeiras conquistas acadêmicas, desde o 2º grau técnico, passando pela graduação e pela especialização-MBA.

Primeiramente, em respeito aos leitores do meu blog, gostaria de fazer uma breve explicação das competências atribuídas ao Profissional com o título de Mestre em Engenharia de Produção, a minha área de estudo no mestrado. Em linhas gerais, o Mestre em Engenharia da Produção se dedica a pesquisa e ao gerenciamento de projetos de produtos e processos, bem como à gerência da melhoria de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo pessoas, materiais, equipamentos, tecnologia, informação e ambientes, visando também à melhoria da produtividade do trabalho, da qualidade do produto e da saúde e bem estar das pessoas. Esta última se refere à influência da atividade laboral na saúde do trabalhador e sua influência nos resultados organizacionais.
Compete-nos, ainda, especificar, prever e avaliar os resultados obtidos dos sistemas para a sociedade e o meio ambiente. Para tal, recorre a conhecimentos da matemática, física, ciências humanas e sociais, conjuntamente com os princípios e métodos de análise e projeto da engenharia de manufatura. Essa área do conhecimento é de extensa aplicabilidade e diversidade de interesses, portanto, caracteriza-se muito bem como uma área prioritária para o desenvolvimento do nosso país. A capacidade em contribuir com métodos, aliada à preocupação na abordagem multidisciplinar dos problemas, permite o desenvolvimento de um profissional com elevada capacidade analítica, interpretativa e de visão sistêmica. Portanto, são estes os profissionais que atuam de forma ampla e sistêmica em vários ramos da atividade pública, privada e de serviços.
Ser hoje um profissional com o título de Mestre significa estar profundamente comprometido com a missão de cultivar o saber nas pessoas, seja nas escolas ou nas empresas, contribuindo decisivamente para a formação de cidadãos e profissionais preparados para contribuir para o desenvolvimento do país e a sobrevivência das organizações frente a competitividade global cada vez mais feroz.
Sabemos que é extremamente honroso e gratificante receber um título, pois satisfaz grandemente nosso ego. Ocorre que os motivos que nos levam a buscar continuamente um degrau a mais é com certeza e, sem demagogia, o benefício próprio de realizar e de conquistar. Portanto, o que queremos de fato é aumentar nossos ganhos financeiros e também proporcionar a nós mesmos a auto realização, natural de qualquer ser humano.
Ocorre que nesta insaciável vontade de ter e ser, nós também devemos colocar em nossos corações mais um desafio que talvez seja o maior deles. É o de usar a titulação não somente para suprir nossas necessidades de autorealização, mas também como uma forma de contribuir com o processo de aprendizado das pessoas.
Vejamos como exemplo a situação atual do país que é extremamente carente de mão-de-obra especializada. Fato este comprovado facilmente pela enorme demanda não atendida proveniente das áreas da construção civil e também das indústrias eletroeletrônicas, metalmecânica e de plásticos. Em alguns casos, ocorre uma migração de profissionais de uma região para outra a fim de suprir a demanda.
Desta forma, faz-se necessário que profissionais com títulos de Mestrado e Doutorado possam cada vez mais contribuir para o desenvolvimento da educação das pessoas de forma autêntica. O título conquistado não é somente para ajudar a vencer uma competitividade profissional cada vez mais feroz, mas também para que nós possamos contribuir para que outras pessoas possam exercer a cidadania de forma plena.
Acredito fortemente que a educação é um dos caminhos mais importantes para corrigir as enormes diferenças entre as classes sociais. Portanto, instruir e capacitar é a missão maior dos Mestres. É como afirma o dicionário para o significado desta palavra, que traduz da seguinte forma: homem que ensina; professor; aquele que é perito ou versado numa ciência ou arte; que é superior a; grande; extraordinário.
Com a titulação de Mestre, o profissional agrega mais conhecimento e estratégias para estimular o aprendiz ao estudo e assim alcançar a sua maior meta que é transformar o antigo leigo em uma pessoa que aprende, que pensa e passa a adquirir, fixar, relacionar e aplicar os novos conhecimentos na solução dos problemas cotidianos. Afinal, as empresas contratam as pessoas para resolver problemas. Entretanto, esse desafio não é somente do Mestre, mas também do aprendiz que precisa desenvolver a atenção, disciplina, humildade, inteligência, motivação, necessidade, prazer, rotina, suor, tempo, vontade e ética.
Nesse contexto, alguns componentes básicos da técnica de estudar também são necessários para que aconteça o desenvolvimento do aprendiz, tais como:
O primeiro é a leitura. Estudar exige sempre o ato de ler. Portanto, é muito importante que as leituras sejam feitas com qualidade. As dicas para essa atividade são: procure conhecer o material da leitura (autor, estilo, organização); faça uma primeira leitura rápida, sem a preocupação inicial de aprofundar compreensão; tenha sempre um dicionário à mão. Utilize-o em caso de dúvida de vocábulo; depois leia com mais calma, com a finalidade de compreender; sublinhe ou anote as ideias-chave e procure construir significados para o que estiver lendo.
O segundo é participar das aulas. No processo de ensino e aprendizagem, o momento da aula deve ser sagrado. O professor capacitado e motivado, o aluno interessado, ativo e participante são os grandes artistas que fazem o processo acontecer. As dicas para essa atividade são: assiduidade e pontualidade; preparação das aulas; saber escutar o professor e seguir suas orientações; participação e apontamentos.
O terceiro é os resumos e esquemas. Os resumos e esquemas são muito úteis quando se pretende uma boa revisão do que foi estudado. Quais as principais semelhanças e diferenças entre resumo e esquema? Nas semelhanças: os resumos e esquemas identificam ideias-centrais; localizam os conceitos envolvidos; apontam exemplos mencionados. Nas diferenças: o resumo tem a sua estrutura na forma de uma pequena redação, com a essência do texto; o esquema é construído por meio de setas, chaves e colchetes.
O quarto é a pesquisa. A pesquisa é um modo de enriquecer um tema com novas informações. Diversifique a quantidade de fontes. Internet, livros, revistas e jornais constituem excelentes meios de consulta para aquisição de mais conhecimento. Esse caminho abre horizontes para diferentes ideias na construção de argumentações e opiniões. Quais as principais etapas para elaborar um bom trabalho de pesquisa escolar? Defina o tema a ser pesquisado; temas transversais são excelentes para a realização de trabalhos interdisciplinares, em grupo; indique fontes confiáveis; plano de filtragem e organização; estude a interpretação do texto; atenção a redação do texto; discuta a apresentação do trabalho em equipe.
O quinto é a avaliação. A avaliação é um caminho eficiente para que o professor e o aluno possam corrigir erros e avançar no caminho do conhecimento. Existem diferentes instrumentos que permitem aferir se objetivos traçados foram atingidos e metas alcançadas. É preciso considerar aspectos quantitativos e qualitativos em um processo avaliativo.
Já para os professores mestres, quais são os principais cuidados a se considerar em um processo de avaliação? São eles: o intervalo de tempo entre checagens de aprendizado não deve ser longo; o acompanhamento contínuo é mais importante que avaliações contínuas; o fator surpresa da aplicação de uma avaliação é viável para manter a regularidade de estudo; é necessário um ajuste de nível entre as avaliações e atividades realizadas com os aprendizes e as questões de uma avaliação devem apresentar níveis diferentes de complexidade.
Atualmente, na educação superior, e principalmente nos cursos de pós-graduação voltados ao mercado de trabalho, o professor deve exercer um papel de facilitador. O professor é o responsável por criar um ambiente de ensino-aprendizagem proativo que possibilita a troca de experiências, conhecimentos e informações entre mestre e alunos. Trata-se de uma via de mão-dupla onde todos fazem parte do processo e agregaram valor ao todo.
As experiências, as lições de vida e de trabalho que surgem nesse tipo de ensino-aprendizagem é muito mais importante que os próprios conteúdos programáticos, pois não é a quantidade de conhecimento que faz a diferença nos dias de hoje. O que faz a diferença é a quantidade de conhecimento que conseguimos aplicar e transformar em resultados, ou seja, o diferencial é o saber como fazer, que surge por meio das atitudes e habilidades desenvolvidas e que garantem a aplicação do conhecimento e resultados almejados.
Por fim, deixo com vocês duas mensagens para reflexão. São mensagens que resumem tudo o que foi escrito em simples frase. São elas: “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende” – Leonardo da Vinci. "Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito" – Aristóteles.