terça-feira, 13 de agosto de 2013

Gestão da Mudança & Estratégia

A competitividade global força as empresas a desenvolverem ações ofensivas ou defensivas que visam criar uma posição de longo prazo sustentável. Essa constatação pode ser observada por meio de uma breve análise sobre o passado e também o cenário atual em que estamos inseridos.
Na realidade, a história nos proporciona uma reflexão sobre os motivos que determinam à sobrevivência ou a “morte” das organizações. Portanto, os ensinamentos apreendidos contribuem de forma relevante estimulando de forma sustentável essas ações e transformando as operações de manufatura em vantagem competitiva.
Lembrando da expressão popular que diz: “de olho no futuro, sem esquecer o passado”, vamos relembrar o exemplo das montadoras de automóveis dos Estados Unidos. O declínio e decadência do maior ícone da supremacia industrial americana no século 20. Na época, o prenúncio da falência de grandes empresas como, por exemplo, a General Motors – GM motivou uma enorme mobilização do governo americano para tentar evitar uma tragédia para a economia americana já estagnada pela crise financeira. Ocorre, no entanto, que a crise americana apenas agravou o que já estava ruim há muito tempo na GM.
O momento histórico também nos proporcionou a oportunidade de análise dos motivos que levaram a montadora do porte da GM ao estado de entropia aguda. A realidade é que a empresa falhou no gerenciamento da renovação organizacional, isto é, a gestão da mudança. O sucesso de toda organização está em sua capacidade de se adaptar continuamente ao ambiente externo ao longo do tempo.
O diferencial está em desenvolver uma cultura organizacional que age de forma proativa, melhorando seus processos e reduzindo os custos por meio da eliminação daquelas atividades que não agregam valor. Caso contrário, esperar que as mudanças aconteçam por simples inércia é estabelecer uma rota certa rumo ao fracasso.
Revendo o passado, dentre os principais erros praticados pela GM, pode-se citar os de gestão da mudança, produtos equivocados em relação às necessidades mercadológicas e, finalmente, uma concorrência inovadora e de baixo custo.
Para os últimos erros da GM mencionados acima, podemos tomar como referência a montadora japonesa Toyota que desenvolveu uma vantagem competitiva sustentável por meio de seu modelo de gestão de operações enxuto, ágil e adaptável às mudanças contínuas. É nesse contexto que a Toyota se transformou em objeto de vários estudos realizados pelos seus concorrentes, assim como também, por empresas dos mais diferentes ramos de negócios.
Ocorre, no entanto, que um modelo que deu certo em uma organização não necessariamente dará resultado em outra. Se uma empresa quiser reproduzir, terá que copiar todas as práticas realizadas pelo concorrente, o que é virtualmente impossível. Portanto, faz-se necessário o desenvolvimento de uma cultura que possa gerar um diferencial competitivo exclusivo e sustentável.
Muitas são as teorias que indicam como obter vantagem competitiva, contudo, a combinação de alguns aspectos deve ser considerada para o desenvolvimento de uma vantagem competitiva sustentável, são eles: a estratégia proativa, a contínua inovação, os custos baixos e o envolvimento adequado das pessoas.
Esses três últimos atuam como pilares que sustentam a estratégia, portanto, não podem ser tratados isoladamente ou ainda simplesmente focar apenas um em detrimento do outro. A conseqüência para as empresas que ignoram a combinação simultânea desses aspectos é a entropia organizacional que leva a falência das empresas.
Vale ressaltar que o problema mais freqüente das empresas em relação à estratégia está em adotar uma atitude reativa, pelo qual as organizações agem de forma passiva e subordinada ao ambiente externo. Desta forma, buscam melhorar seus processos com custos cada vez menores somente após momentos de crises, no qual são forçados pelas exigências mercadológicas ou governamentais que influenciam a competitividade global.
O que se espera, na realidade, é uma atitude proativa dos gestores. Deve-se desenvolver uma estratégia que possa “prever” o futuro por meio do monitoramento contínuo do ambiente para a identificação de oportunidades e ameaças, a fim de acertar antecipadamente a hora de promover as mudanças necessárias nos produtos e processos.
Ocorre, no entanto, que poucos gestores conseguem identificar os problemas e dar atenção a eles antes que se tornem insolúveis. É essa capacidade de discernimento que determina o sucesso ou o fracasso dos profissionais e organizações.
Em situações difíceis, quem analisa antecipadamente o problema e cria as melhores estratégias está sempre um passo à frente da concorrência. Em ultimo caso, o que se espera é descobrir que está doente, qual é a doença e agir para curá-la a tempo. Caso contrário, depois de morto, resta-nos checar qual foi à razão do falecimento.
Portanto, não é possível deixar para tomar as ações necessárias somente quando a crise já se instalou. É preciso estar previamente preparado para ela. A realidade é que a maioria das organizações raramente enxerga o que é realmente importante em meio à enxurrada de assuntos que aparecem a todo instante, deixando de valorizar o processo decisório como deveria.
A conseqüência são decisões equivocadas em seu conteúdo e tempo de aplicação, portanto, decisões acertadas não são súbitos momentos de inspiração, elas resultam de processos estruturados requerendo dos gestores investimento de tempo, energia e conhecimento. Lembrando também que para decidir é preciso ter experiência e, sobretudo, aprender com cada episódio vivenciado.
As organizações estão inseridas em um mundo de crescentes mudanças e transformações, repleto de contingências, coações, ameaças e oportunidades, em que a mudança contínua é a mola mestra dos negócios. Entretanto, obter vantagem competitiva requer empresas ágeis e enxutas, capazes de se adequar aos cenários em constante mutação, além de aprender continuamente novos métodos e caminhos para o alcance dos resultados almejados.
Na realidade, o que se revela é a dificuldade de êxito nesse processo de gestão tendo como consequência grande perda para a saúde do negócio e até mesmo situações financeiras insustentáveis. Desta forma, a palavra ‘mudança’ já se tornou regra e não é mais uma exceção ou apenas uma “moda” de alguns, trata-se de um tema com relevância global. Portanto, a sobrevivência das organizações cada vez mais dependerá do modo como os gestores lidam com a Gestão da Mudança.