sábado, 22 de agosto de 2015

A atividade de manutenção como estratégia de vantagem competitiva.

A manutenção deixou de ser uma simples atividade de reparo para se tornar um meio essencial para o alcance dos objetivos e metas das organizações. Devido as constantes paradas dos equipamentos que causam grandes impactos nos custos totais das operações, o planejamento da manutenção se torna uma função importante na estratégia organizacional.
Originalmente, a palavra manutenção deriva do latim mantenus tenere, ou seja, manter aquilo que se tem. Atualmente, trata-se de uma combinação de ações e gestão aplicada ao ciclo de vida de máquinas, equipamentos e bens. Essa definição está relacionada com os diversos cuidados técnicos indispensáveis para uma melhor confiabilidade. Os tipos mais comuns de manutenção são: Manutenção Preventiva, Manutenção Corretiva e Manutenção Preditiva.
A preventiva envolve atividades de planejamento prévio e a execução de tarefas periódicas realizadas de forma sistemática, tais como: inspeções gerais, substituição de componentes, lubrificação e limpeza. Estas intervenções são definidas e executadas por especificação do fabricante e ou com base em dados que são proporcionais à deterioração do equipamento.
A corretiva somente é efetuada após a ocorrência de uma falha ou quebra. É destinada a colocar um equipamento em condições de executar uma função requerida. Essa modalidade é a que acarreta os maiores custos associados à perda de produção, uma vez que as paradas são inesperadas e não há a possibilidade de efetuar um planejamento eficiente.
A preditiva é um conjunto de atividades especiais (ex: análise e medição de vibrações, termografia, análise de óleo, etc.) com o objetivo de monitorar máquinas e equipamentos em serviço. Sua finalidade é tentar predizer as falhas e antecipar mudanças no estado físico que exijam serviços de manutenção e assim agir com a antecedência necessária para evitar quebras ou estragos maiores.
Outra estratégia de manutenção especial é a Manutenção Produtiva Total (MPT). Trata-se de uma estratégia de manutenção projetada para maximizar a eficiência e a eficácia dos equipamentos, estabelecendo um completo sistema de manutenção da produção. Portanto, envolve todo o relacionamento e a sinergia entre as funções organizacionais e assim promovendo a manutenção produtiva por meio de um gerenciamento motivacional e voluntário em pequenos grupos da operação e da manutenção.
Com o surgimento da indústria aeronáutica, desenvolvem-se os primeiros estudos da análise de confiabilidade devido o risco da atividade, uma vez que acidentes podem acarretar em fatalidades. A confiabilidade mencionada se define pela capacidade de utilização de um equipamento em realizar certas funções sem a ocorrência de problemas durante um determinado período de tempo. Outra definição afirma que a confiabilidade é uma ferramenta que visa garantir o bom funcionamento do equipamento em decorrência do tempo de uso e dos fatores que podem influenciar o desempenho.
O fato é que a maioria das organizações gasta entre 10% a 12% do orçamento geral na manutenção de seus equipamentos. No entanto, quando as empresas decidem utilizar uma metodologia pró-ativa, com programas apropriados de manutenção e serviços planejados, reduzem-se os custos em 25% ou menos. Portanto, ao longo da vida de um equipamento, os custos de operação e manutenção podem ser superiores em até seis vezes o custo original do próprio equipamento.
Na aviação, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), os acidentes da aviação civil estrangeira no Brasil e aviação nacional no mundo, possuem crescentes taxas. Neste contexto, os erros de manutenção estão presentes em aproximadamente 12% dos maiores acidentes aeronáuticos no mundo. O CENIPA ainda informa que no período entre 2003 a 2012, a razão manutenção foi o fator contribuinte presente em quase que 20% dos acidentes aeronáuticos.
A realidade é que todos os equipamentos e sistemas mecânicos, elétricos e eletrônicos estão sujeitos à degradação das condições normais de operacionalidade e confiabilidade com o decorrer do tempo. Daí a importância da atividade de manutenção para repor estas condições de utilização. Portanto, a estrutura de planejamento e controle da manutenção possuem um papel fundamental na estratégia organizacional, fazendo com que os técnicos trabalhem de forma planejada e para que os recursos sejam aplicados de forma correta e no momento adequado, garantindo assim a disponibilidade das máquinas e equipamentos necessários para garantir o resultado e a segurança desejada.