sábado, 1 de agosto de 2015

Gestão Pública: a negligência com os objetivos, metas e indicadores de desempenho.

Recentemente, a presidente do Brasil falou sobre metas na seguinte expressão: “Não vamos colocar uma meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”. Pior que cômico é o contexto trágico dessa declaração, pois reflete exatamente a atual situação do nosso país que hoje não realiza as metas estabelecidas e vive uma das piores crises. O fato é que não colocar uma meta, ou ainda deixar em aberto, significa não ter um alvo, um objetivo, uma missão, um futuro, um caminho a seguir. É simplesmente estar perdido. Nesse contexto, lembrei-me do filme de Alice no país das maravilhas quando encontra o gato na arvore e pergunta: “Senhor gato, que caminho devo tomar?”; O gato pergunta: “Para onde deseja ir?”; Respondeu Alice: “Não sei”; Então o gato conclui: “Se você não sabe para onde ir, então qualquer caminho serve”.
Não ter um objetivo, uma meta ou indicadores de desempenho é como estar em um barco à deriva, onde não há controle sobre o caminho que foi previamente planejado. No mundo real das organizações, pode-se dizer que não se gerencia o que não se mede. Se não mede, não pode ser controlado. Se não controla, não pode obter resultado. Se não tem resultado, não pode ser melhorado. Se não melhora, não pode crescer. Portanto, não há como administrar aquilo que você não pode quantificar.
Conceitualmente falando, pode-se dizer que os indicadores são a quantificação de quão bem um negócio atinge uma meta estabelecida. Portanto, as medidas de desempenho são os sinais vitais de uma organização e permite verificar a eficácia e a eficiência com que o processo produz seus produtos ou serviços. Vale ressaltar que somente é possível o diagnóstico e a solução de uma crise, se for por meio dos indicadores que respondem as seguintes perguntas típicas: Como melhorar o desempenho da organização? O que modificar? Quanto melhorar? Onde chegar? Qual a situação atual em relação a meta? Estamos longe? Como saber se melhorou ou não?
A presidente ainda concluiu a frase afirmando que irá alcançar e depois dobrar a meta. Ora! Essa contradição cômica é impossível de realizar, pois a mesma já havia dito que não estabeleceria uma meta. Portanto, como então atingir e dobrar algo que não existe? Na verdade, percebe-se que há um despreparo gerencial generalizado nos entes da federação brasileira em realizar até mesmo os princípios básicos da boa gestão, isto é, o trabalho de estabelecer ou interpretar os objetivos e metas de uma organização e assim tomar as decisões necessárias para alcançá-los de forma efetiva, competitiva e sustentável.
É muito importante entender que a atividade estratégica de estabelecer indicadores requer alguns requisitos que não podem ser negligenciados, tais como: A facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo; A simplicidade de ser compreendido; O baixo custo de obtenção; A capacidade de resposta às mudanças; A permanência no tempo, permitindo a formação da série histórica; A facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e a manutenção. Do mesmo modo, ao se determinar um objetivo, este deve seguir as seguintes dicas básicas: deve ser uma declaração clara e concisa do que deverá ser feito; algo concreto e observável; viável em termos de tempo, custo e desafio; estar relacionado especificamente com os objetivos organizacionais e incluir um cronograma específico para realização.
Na sequência, após gerar as informações relevantes para a organização, recomenda-se atender as seguintes finalidades: utilizar os indicadores para diagnóstico, buscando identificar os pontos fortes e fracos ou disfunções para propor ações de melhorias; Despertar e conscientizar a gerência para a necessidade de melhorias e assim demonstrar o desempenho atual; Controlar a variação do desempenho em relação a padrões previamente estabelecidos, permitindo, se necessário, ações corretivas; Identificar as oportunidades de melhorias ou verificar o impacto dos planos de ação sobre o desempenho dos processos ou da organização em relação às metas estabelecidas e usar de forma eficaz para o envolvimento e a motivação das pessoas para a melhoria contínua.
Estabelecer objetivos e metas é uma condição sine qua non para a sobrevivência das organizações, sejam elas privadas ou públicas. Portanto, não considerá-las ou ainda negligenciá-las como um elo relevante entre a estratégia e as operações, é determinar uma rota certa rumo ao fracasso.