sábado, 14 de novembro de 2015

A importância da Ergonomia no ambiente organizacional

Segundo o Ministério da Previdência Social, registra-se cerca de 503.890 acidentes e doenças do trabalho, entre os trabalhadores assegurados. Esse número, que já é alarmante, não inclui os trabalhadores autônomos (contribuintes individuais) e as empregadas domésticas. Em valores, considerando exclusivamente o pagamento dos benefícios devido a acidentes e doenças do trabalho, somado ao pagamento das aposentadorias especiais decorrentes das condições ambientais do trabalho, registra-se um valor superior a R$ 10,5 bilhões/ano. Também, se adicionarmos as despesas como o custo operacional do INSS mais as despesas na área da saúde e afins, o custo Brasil atinge valor superior a R$ 39 bilhões. Neste contexto, compreender a disciplina Ergonomia é condição sine qua non para qualquer ambiente organizacional.
A palavra ergonomia é derivada das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras) e trata da ocupação de pessoas qualificadas para responder às demandas acerca da atividade de trabalho. O objetivo é adequar o trabalho ao homem, relacionando todas as interações que influenciam na realização do trabalho, como máquinas, equipamentos, métodos, ambiente, visando preservar a saúde do trabalhador, proporcionando segurança e produtividade. Essa disciplina é orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade humana. Portanto, modifica sistemas de trabalho para adequar as atividades nele existentes às características, habilidades e limitações das pessoas com a finalidade de obter desempenho eficiente, confortável e seguro.
A ergonomia é caracterizada em quatro tipos de acordo com a ocasião em que é realizada: Concepção: ocorre quando a ergonomia contribui no início do projeto de produto, da máquina, ambiente ou sistema. Essa é a melhor situação, pois as alternativas podem ser amplamente examinadas, e se bem formulada a análise ergonômica, poderá ajudar para que não se obtenha problemas ergonômicos; Correção: é aplicada em situações reais, onde já existe um problema, procurando-se a solução do mesmo. Muitas vezes a solução adotada não é completamente satisfatória, pois pode demandar elevado custo de implantação, logo se faz necessário buscar soluções que se adaptem à realidade e condições da organização; Conscientização: procura capacitar os próprios trabalhadores para identificação e correção dos problemas cotidianos ou aqueles emergenciais. É importante capacitar os trabalhadores, pois nem sempre os problemas são completamente resolvidos na fase de concepção e na fase de correção; Participação: tem como objetivo envolver o próprio usuário do sistema, na solução de problemas ergonômicos. O trabalhador participa da resolução do problema ergonômico, baseando-se na ideia que ele possua um conhecimento prático, cujos detalhes podem passar despercebidos ao analista ou projetista.
Há ainda a Análise Ergonômica do Trabalho que tem como partida uma solicitação acerca de um problema de produção, de saúde no trabalho, de desempenho de um produto ou eficácia organizacional, tais como: Análise da demanda – esta etapa consiste em procurar entender a natureza e a dimensão dos problemas apresentados. É necessário haver um acordo entre todas as partes envolvidas para que se possa delimitar o problema, definir prazos, custos para a resolução do problema; Análise da tarefa – nessa fase o ergonomista irá analisar as diferenças entre o trabalho que é prescrito e o que realmente é realizado. Pode haver alguma discrepância por conta de máquinas desajustadas, materiais irregulares e também porque nem todos trabalhadores seguem rigidamente o método descrito; Análise da atividade – refere-se ao comportamento do trabalhador na realização da tarefa, ou seja, são as ações que o trabalhador faz para alcançar os objetivos que lhe foram atribuídos. A atividade é influenciada por fatores internos e externos. Os fatores internos localizam-se no próprio trabalhador e os fatores externos referem-se às condições em que a atividade é executada; Formulação do diagnóstico – procura descobrir as causas que provocam o problema descrito na demanda. Podem ter vários fatores, relacionados ao trabalho e à empresa, que influenciam na atividade de trabalho; Recomendações ergonômicas – refere-se às providências que deverão ser tomadas para resolver o problema diagnosticado. As recomendações devem ser bem especificadas e todas as etapas necessárias para a resolução do problema devem ser descritas. É necessário um plano de ação, indicando os responsáveis pelas ações, prazos e custos.