segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Reflexão sobre a Meritocracia

A Meritocracia já é usada a tempos por organizações tipo exército, igreja e desde que as sociedades humanas começaram a se formar. Esse termo foi cunhado por Michael Young (1958) através do livro “Levantar da Meritocracia”. Ele apresentava o termo de forma pejorativa retratando uma sociedade na qual as posições sociais seriam definidas pelo Quociente de Inteligência e pelo nível de esforço de seus indivíduos. 
De uma forma resumida, pode-se dizer que é um sistema que estabelece o mérito (fez por merecer – resultado entregue) como o principal critério para que as pessoas alcancem o sucesso desejado, por exemplo, crescimento na hierarquia organizacional. No sistema político, temos o capitalismo como maior exemplo, no qual as empresas privadas são as pioneiras nesse sistema de reconhecimento do esforço dos colaboradores.
No ambiente organizacional privado as posições hierárquicas são definidas com base no merecimento, ou seja, sempre atrelada a algum indicador de desempenho quantitativo. Em outros casos, é possível também fazer uso de indicadores qualitativos, tais como as avaliações de desempenho que consideram níveis conceituais, recomendações e indicações dos pares, chefes e colaboradores. Na área pública, a partir de Getúlio Vargas, associado a um novo Estado Burocrático, inicia-se a implementação do modelo de méritos para formar o quadro de funcionários, a partir dos concursos públicos.
Neste contexto, observa-se que a meritocracia não é aplicada de modo absoluto, pois se considera também outros critérios, principalmente para as posições estratégicas. Desta forma, é comum uma pessoa alcançar uma posição maior ou vaga aberta por meio da indicação e recomendações, além dos requisitos de mérito. Portanto, entende-se que a meritocracia deve sim ser usada como uma das bases para a tomada de decisão, além de outras competências subjetivas.
Outro ponto, também muito discutido atualmente, trata sobre a efetividade da aplicação do sistema de méritos na construção de uma sociedade igualitária. Muitos críticos acham que os dois modelos sejam incompatíveis. Exemplo das cotas para entrar nas universidades. Nesse caso, entende-se que o mérito é desconsiderado e ainda proporciona uma igualdade ilusória (apenas na estatística). Portanto, nivelando por baixo e não por cima (conhecido por “lei do mínimo esforço”).
Para exemplificar melhor essa polêmica cito a seguinte experiência: Uma universidade americana disse que nunca havia reprovado um só aluno, até que certa vez reprovou uma classe inteira. Essa classe em particular havia insistido que o socialismo realmente funcionava: com um governo assistencialista intermediando a riqueza ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo.
O professor então disse: "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas". Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e, portanto, seriam “justas”. Todos receberão as mesmas notas, o que significa que, em teoria, ninguém será reprovado, assim como também ninguém receberá um "A". Depois de calculada a média da primeira prova todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Já aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Como resultado, a segunda média das provas foi "D". Ninguém gostou. Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".
As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, a busca por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram aquela disciplina. 
Para a total surpresa o professor explicou: "O experimento socialista falhou porque quando a recompensa é grande o esforço pelo sucesso individual é grande". Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros para dar aos que não batalharam por elas, então ninguém mais vai tentar ou querer fazer seu melhor.