terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

O Processo de Mudança e as Barreiras da Resistência Humana



Em todo processo de mudança aparecem pessoas resistentes e contra as propostas, ideias ou projetos. São essas pessoas que travam e dificultam qualquer novo programa que se deseja implantar. Na maioria das vezes, esses personagens retardam a transformação e fazem com que aquele furor inicial do lançamento do projeto seja pouco a pouco esquecido.

A resistência à mudança não se restringe somente à introdução de novos métodos de trabalho. Ela ocorre sempre que uma mudança organizacional causa um afastamento descontínuo do comportamento, da cultura e da estrutura de poder existentes. Na realidade, as pessoas resistem ao processo de mudança devido a três aspectos básicos, são eles: a) Aspectos lógicos - Objeções racionais e lógicas (interesses pessoais; tempo / esforço; custos; viabilidade); b) Aspectos psicológicos - Atitudes emocionais e psicológicas (medo do desconhecido; compreensão / tolerância; falta de confiança; segurança); c) Aspectos sociológicos - Interesses de grupos e fatores sociológicos (coalizões políticas; valores sociais; visão paroquial; interesses / colegas).

Portanto, compreender a motivação humana é um fator importante para se estabelecer um adequado enfrentamento das barreiras à mudança. Isto porque alguns elos motivam e amarram as pessoas às organizações e estes devem ser utilizados como aliados.

Alguns fatores podem alavancar as motivações das pessoas e assim vencer as barreiras da resistência, por exemplo: Educação e comunicação – é considerada uma das maneiras mais óbvias de vencer a resistência, pois se trata da explicação às pessoas acerca da mudança. Desta forma a mudança é bem mais tranquila; Participação e envolvimento – é importante envolver as pessoas afetadas para que a mudança seja mais fácil e bem mais preparada; Facilitação e apoio – apoio para os participantes da mudança é uma forma de facilitar o processo.

Há também a importância do líder, no qual as áreas onde o chefe não se apresenta como suporte, patrocinador e agente da mudança, tem como consequência uma quebra da cadeia de liderança abaixo dele, fazendo com que a parte da organização subordinada a ele fique resistente ao novo.

Nesse contexto, é uma condição sine qua non que o líder atue como agente da mudança, valorizando as pessoas, as ideias e criando um ambiente apropriado para que elas possam crescer. O líder deve investir tempo significativo em construir equipes, servindo de inspiração para que todos possam atingir níveis mais elevados de desempenho, crescimento e desejo de mudar o status quo.

Entretanto, se o líder for negligente nesses pontos, deixando aparecer o favoritismo, o ambiente organizacional acaba formando coalizões políticas (as “panelinhas”) dentro da empresa, pelo qual irá prejudicar o afloramento de novas ideias e o aparecimento da resistência as mudanças.

Nesse ambiente, há ainda o surgimento do bajulador, também vulgarmente chamado de ‘puxa-saco’. Vale lembrar que essa figura, muita comum nas empresas, só existe porque também há o “chefe” que gosta de ser bajulado, transformando as relações interpessoais em um jogo de ego danoso para a organização.

O “chefe” geralmente gosta porque se acha um rei e precisa de súditos. O bajulador, por sua vez, age desta forma porque tem insegurança de sua capacidade como profissional, portanto, tem medo da concorrência de outras ideias inovadoras, que ele mesmo não teve competência para desenvolver. O bajulador atrapalha o processo de renovação organizacional, pois, prende-se em coalizões políticas que acabam gerando uma competição predatória entre os colegas, desmotivando a equipe e interferindo diretamente nos resultados.

Gerenciar pessoas que resistem ao processo de mudança exige algumas condições básicas, tais como: acreditar na mudança e na ideia, disciplina no processo de gerenciamento, habilidades em lidar com conflitos, capacidade para conduzir e influenciar pessoas e, uma vez compreendido a fonte das resistências às mudanças e quais fatores podem alavancar a motivação das pessoas envolvidas, considerar uma estratégia adequada para promover a transformação desejada. Vale ressaltar que o sucesso da renovação organizacional somente ocorre por meio das pessoas. Portanto, envolvê-las adequadamente é condição fundamental para quebrar as barreiras da resistência humana.