quarta-feira, 1 de junho de 2016

A minha versão da novela chamada Brasil

Uma novela é um conto de ficção sobre pessoas e situações da vida real. Trata-se de uma trama narrada em capítulos, maior do que um conto e menor que um romance e em torno de um número restrito de personagens. Fazendo uma análise comparativa dos rumos políticos e econômicos do nosso país, podemos sim escrever um relato novelesco dos inúmeros escândalos ocorridos nos últimos anos, seguindo até um tom humorístico e de sátira. Neste contexto, segue então a minha versão da novela chamada Brasil.
Era uma vez um ladrão sem muita expressão no mundo dos crimes. Esse Ladrão sonhava ser chefe de uma grande organização mafiosa. Essa era a meta, o grande sonho. O problema era que as outras facções já tinham seus próprios “lideres”. Portanto, não havia espaço para ele nessas facções. Depois de muito tentar, esse “líder” finalmente resolveu criar sua própria facção criminosa, unindo antigos companheiros e admiradores. Com o tempo, a facção cresceu, recebeu novos aliados e se tornou muito poderosa. Esse poder até se tornou maior que outras facções, grandes e pequenas. O resultado inevitável foi a automática submissão das outras facções ao novo e grande “chefe”.
Com o tempo, o novo “chefe” havia comprado o apoio e a submissão das outras facções, através da distribuição de muita propina para os órgãos responsáveis pela lei e ordem. A ideia era criar uma nova ordem e plano de poder absoluto, unindo todos em prol do livre funcionamento dos negócios da facção e falsa distribuição de renda aos pobres e oprimidos. Na verdade, tratava-se de uma dissimulada promessa de segurança e proteção que o “chefe” oferecia aos seus seguidores. No entanto, na contrapartida, todos deveriam declarar fidelidade a grande facção e ao projeto de poder, inclusive a segunda maior facção, que antes era a primeira.
Após um longo tempo de reinado, o grande “chefe” procurou um sucessor. Aliás, uma sucessora. Alguém que pudesse dar continuidade ao projeto de poder. Desta forma, a sucessão foi feita, porém, com a contrapartida que o outro “chefe” da segunda maior facção também pudesse dividir o poder e o controle dos “negócios”. Vale ressaltar que essa substituição na liderança não significaria a morte do antigo “chefe” e fundador da maior facção. O que aconteceria, de fato, era um momentâneo descanso do antigo “chefe”. Contudo, ainda mantendo as principais decisões sendo tomadas por ele. Portanto, a nova liderança seria apenas cargos figurativos e sem poder real de decidir os rumos dos negócios da facção. Na verdade, o grande “chefe” continuaria a reger os negócios milionários dos roubos da facção. Agora, porém, articulando nos bastidores.
Infelizmente, o grande “chefe” acabou cometendo alguns deslizes. Ele ficou mais ganancioso e egoísta, pois não estava mais dividindo os ganhos dos roubos de forma a satisfazer os companheiros. As outras facções agora estavam se sentindo traídas pela ganância do antigo “chefe”. Também alguns órgãos da lei já estavam bravos devido à falta de pagamento das propinas que tanto davam suporte ao projeto de poder. É claro que os outros seguidores também se revoltaram, pois essa mesma ganância acabou afetando os “benefícios” que antes ganhavam. A situação ficou pior mesmo quando os “lideres” substitutos que ele escolheu começaram a brigar devido ao ego do poder assumido. Foi nesse momento que surgiu um herói que antes já trabalhava a favor da lei e da ordem nos bastidores. Na verdade, esse herói era um dos poucos que não haviam se corrompido pelas propinas do grande “chefão” e seus companheiros. Foi esse herói que aproveitou a divisão e brigas internas para aumentar as investigações sobre os negócios das facções.
Um acontecimento importante, que favoreceu o desmoronamento do grande “império”, foi a briga entre a nova “líder” substituta e o vice “líder” da segunda maior facção. A separação acabou facilitando o desmonte do grande esquema de roubos e ainda instigou outras facções menores não apoiar mais o antigo grande “chefe”. Aqueles seguidores que mamavam dos roubos, fiéis ao velho “líder”, fundador da maior facção, ainda ameaçavam iniciar uma guerra de gangues, pois acreditavam que tudo era fruto de um golpe e traição. Contudo, o desmonte do grande esquema era inevitável, pois não foi possível continuar o grande projeto de poder sem o apoio dos “companheiros” que agora já estavam fugindo, um por um.
Agora, enfraquecido e destituído do poder, o velho “líder” tenta sobreviver fazendo uso das informações e propinas que tanto pagou para aqueles corruptos da lei. A “líder” substituta também caiu, pois não tinha competência alguma para tocar os negócios da facção. Já o outro “líder”, da antes segunda maior facção, voltou a ter o poder de antes. Até assumiu novamente o poder absoluto dos negócios e ainda reuniu as outras facções menores. Isso tudo na tentativa de manter a ordem e o controle dos roubos das gangues, sem brigar com os agentes corruptos da lei. Agora, há novamente uma tentativa de restaurar a “paz” entre todos, no qual facções poderiam continuar os negócios, autoridades poderiam continuar recebendo as propinas e os seguidores do proletariado, pobres e oprimidos continuando a receber as “esmolas” como forma de benefício assistencial.
Ocorre que essa novela ainda não acabou, pois nosso herói ainda tem muito trabalho a fazer, a fim de acabar com todas as facções. Infelizmente, esse processo é muito lento, pois muitos companheiros ainda gostam do antigo “chefão” e outros agora do novo “chefe”. A esperança para o nosso herói é que há aqueles que não querem nenhuma das facções. Há aqueles que querem sim uma limpeza geral para que sejam restabelecidos os princípios da moral, da ética, da ordem e do progresso. Portanto, resta agora esperar para ver as cenas dos próximos capítulos dessa novela emocionante. Brasil!!!