Segundo o Ministério da Previdência
Social, registra-se cerca de 503.890 acidentes e doenças do trabalho, entre os
trabalhadores assegurados. Esse número, que já é alarmante, não inclui os trabalhadores
autônomos (contribuintes individuais) e as empregadas domésticas. Em valores, considerando
exclusivamente o pagamento dos benefícios devido a acidentes e doenças do
trabalho, somado ao pagamento das aposentadorias especiais decorrentes das condições
ambientais do trabalho, registra-se um valor superior a R$ 10,5 bilhões/ano. Também,
se adicionarmos as despesas como o custo operacional do INSS mais as despesas
na área da saúde e afins, o custo Brasil atinge valor superior a R$ 39 bilhões.
Neste contexto, compreender a disciplina Ergonomia é condição sine qua non para qualquer ambiente
organizacional.
A palavra ergonomia é derivada das
palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras) e trata da ocupação de
pessoas qualificadas para responder às demandas acerca da atividade de
trabalho. O objetivo é adequar o trabalho ao homem, relacionando todas as
interações que influenciam na realização do trabalho, como máquinas,
equipamentos, métodos, ambiente, visando preservar a saúde do trabalhador, proporcionando
segurança e produtividade. Essa disciplina é orientada para uma abordagem
sistêmica de todos os aspectos da atividade humana. Portanto, modifica sistemas
de trabalho para adequar as atividades nele existentes às características,
habilidades e limitações das pessoas com a finalidade de obter desempenho eficiente,
confortável e seguro.
A ergonomia é caracterizada em quatro
tipos de acordo com a ocasião em que é realizada: Concepção: ocorre quando a
ergonomia contribui no início do projeto de produto, da máquina, ambiente ou
sistema. Essa é a melhor situação, pois as alternativas podem ser amplamente
examinadas, e se bem formulada a análise ergonômica, poderá ajudar para que não
se obtenha problemas ergonômicos; Correção: é aplicada em situações reais, onde
já existe um problema, procurando-se a solução do mesmo. Muitas vezes a solução
adotada não é completamente satisfatória, pois pode demandar elevado custo de
implantação, logo se faz necessário buscar soluções que se adaptem à realidade
e condições da organização; Conscientização: procura capacitar os próprios
trabalhadores para identificação e correção dos problemas cotidianos ou aqueles
emergenciais. É importante capacitar os trabalhadores, pois nem sempre os
problemas são completamente resolvidos na fase de concepção e na fase de
correção; Participação: tem como objetivo envolver o próprio usuário do
sistema, na solução de problemas ergonômicos. O trabalhador participa da
resolução do problema ergonômico, baseando-se na ideia que ele possua um conhecimento
prático, cujos detalhes podem passar despercebidos ao analista ou projetista.
Há ainda a Análise
Ergonômica do Trabalho que tem como partida uma solicitação acerca de um problema
de produção, de saúde no trabalho, de desempenho de um produto ou eficácia organizacional,
tais como: Análise da demanda – esta etapa consiste em procurar entender a
natureza e a dimensão dos problemas apresentados. É necessário haver um acordo
entre todas as partes envolvidas para que se possa delimitar o problema,
definir prazos, custos para a resolução do problema; Análise da tarefa – nessa
fase o ergonomista irá analisar as diferenças entre o trabalho que é prescrito
e o que realmente é realizado. Pode haver alguma discrepância por conta de máquinas
desajustadas, materiais irregulares e também porque nem todos trabalhadores
seguem rigidamente o método descrito; Análise da atividade – refere-se ao
comportamento do trabalhador na realização da tarefa, ou seja, são as ações que
o trabalhador faz para alcançar os objetivos que lhe foram atribuídos. A
atividade é influenciada por fatores internos e externos. Os fatores internos
localizam-se no próprio trabalhador e os fatores externos referem-se às
condições em que a atividade é executada; Formulação do diagnóstico – procura
descobrir as causas que provocam o problema descrito na demanda. Podem ter
vários fatores, relacionados ao trabalho e à empresa, que influenciam na
atividade de trabalho; Recomendações ergonômicas – refere-se às providências
que deverão ser tomadas para resolver o problema diagnosticado. As
recomendações devem ser bem especificadas e todas as etapas necessárias para a
resolução do problema devem ser descritas. É necessário um plano de ação,
indicando os responsáveis pelas ações, prazos e custos.