Numa terça-feira chuvosa, José
acordou mais cedo que o habitual. Tinha uma reunião importante com o Chefe e
queria estar preparado para mostrar os ótimos resultados. Separou os
documentos, conferiu os dados, tomou um gole de café e saiu com tempo de sobra.
Porém, o trânsito da cidade
tinha outros planos para José. Um acidente feio paralisou a via de acesso ao
trabalho, com carros parados e buzinas nervosas. José até avisou pelo celular,
mas chegou 20 minutos atrasado na reunião.
Ofegante, entrou na sala de
reuniões e pediu desculpas. Seguiu-se a pauta normalmente e ninguém pareceu dar
muita importância.
Após a reunião, alguém inicia
uma FOFOCA:
— "Você viu? José chegou
atrasado." - disse alguém entre uns goles de café.
Na sequência, alguém aumentou
a fofoca e ainda acrescentou uma “pitada” de mentira:
— "Já percebeu? O José
sempre chega atrasado nas reuniões. Isso pega mal."
Em poucos dias, os comentários
maldosos se transformaram em uma grave acusação:
— "Ouvi dizer que o José acha as reuniões do Chefe uma perda de tempo e
vive reclamando, dizendo que são chatas e inúteis."
A mentira caiu como gasolina
em brasa e se espalhou nos corredores:
— "É verdade que o José e
o Chefe estão se estranhando? Dizem que o clima tá bem tenso."
Na semana seguinte, como
ninguém foi checar a verdade, José recebeu uma notificação formal de
desligamento. Qual o motivo? dificuldades de relacionamento interpessoal.
É claro que a real causa do
desligamento não estava escrito nos papéis, mas estavam nos sussurros dos
fofoqueiros e nas mentiras espalhadas que jamais foram verificadas e
desmentidas.
Infelizmente, José saiu pela
mesma porta onde havia entrado várias vezes com brilho nos olhos, muita
motivação e ótimos resultados. Porém, agora, triste e carregando nas costas o
peso de uma história inventada e que não era dele.
O fato é que José foi vítima
de uma situação muito comum nas empresas, mas devastadora: a cultura da fofoca
desenfreada.
O atraso para uma reunião se
transformou em um turbilhão de mal-entendidos e falsidades que destruíram sua
reputação. O que começou como um comentário aparentemente inofensivo evoluiu
para uma narrativa tóxica, alimentada pelas mentiras, a falta de verificação e
o prazer inconsequente de espalhar falsas informações.
Quantas vezes julgamos alguém sem conhecer toda a verdade? O fato é que a
fofoca pode parecer trivial, mas tem o poder de arruinar carreiras,
relacionamentos e até a autoestima das pessoas envolvidas. José não perdeu seu
emprego por baixa performance ou comportamento inadequado, mas sim porque a
realidade dos fatos não foi verificada.
Nesse contexto, ao ouvirmos
algo sobre alguém, vale a pena pensar: será que isso é verdade? será que
precisamos repassar? Não seria melhor ouvir a versão do José? O fato é que o
impacto de nossos comentários é muito maior do que imaginamos.
Quem você prefere ser? Aquele que constrói ou aquele que destrói?