segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A produção puxada no Sistema Toyota de Produção (TPS)

A filosofia do TPS não é administrar estoques, e sim eliminá-los. Desde o começo, a Toyota pensou em puxar o necessário baseado na necessidade do cliente, contrariando o velho sistema que empurra. Puxar significa o estado ideal da manufatura just-in-time, dando ao cliente o que ele realmente quer, quando quer e na quantidade que ele necessita.
Vale ressaltar que para minimizar as trocas de equipamento, os set-ups, que são necessários para fazer diferentes tipos de produtos com o mesmo equipamento, deve-se manter um buffer (pequenos estoques). Para isso, sinais visíveis foram desenvolvidos para controlar e manter o nível desses pequenos lotes tais como: cartões, caixas vazias, carrinhos vazios, etc. Esses sinais visuais são chamados de Kanban (cartão).
Entende-se melhor o real significado do Just-in-Time (JIT) comparando-o com seu antecessor, o Just-in-Case (JIC). A gestão de um negócio pela ótica do JIC conduz a que se produza segundo a máxima capacidade de produção dos recursos, antecipando a demanda futura sob a forma de estoques.
No entanto, no JIC, não se desenvolvem esforços nem para balancear as capacidades nem para eliminar as variabilidades, pois o interesse é operar o tempo todo na máxima capacidade.
Desta forma, o ritmo de produção é ditado pela capacidade excessiva do primeiro processo, que "empurra" a produção em direção aos processos sucessivos, resultando inventário consideravelmente mais alto do que o necessário.
Já o JIT gerencia para obter o nivelamento da produção e age para diminuir as variabilidades no processo. Atribui-se pequenos estoques de material em processo na frente de cada centro produtivo, para proteger o sistema das incertezas e flutuações estatísticas dos processos de manufatura. Atingindo-se este estoque, o processo precedente é interrompido. Ao se considerar toda a cadeia produtiva, o JIT mantém uma quantidade de estoques intermediários bastante inferiores ao JIC.
O TPS também faz uso de ferramentas e técnicas de solução de problemas para buscar a melhoria contínua de seus processos e procedimentos, através da eliminação de todo o desperdício. Vale ressaltar que o JIT não é apenas um método de aperfeiçoamento do processo de manufatura, mas um diferente método de gerenciar a produção. O JIT expõe problemas e elimina tudo o que não agrega valor ao produto.
Ocorre, infelizmente, que alguns clientes são imprevisíveis e os pedidos variam significativamente de semana para semana, de mês para mês. Portanto, se a produção ocorrer conforme os pedidos, pode-se produzir grandes quantidades na semana, pagando hora extra, e estressando as pessoas e equipamentos. No entanto, se os pedidos são reduzidos drasticamente na outra semana, as pessoas e equipamentos ficarão ociosas e também não se saberá quanto comprar dos fornecedores. Nesse caso, será necessário estocar uma quantidade que possivelmente cada cliente poderá solicitar e assim será impossível desenvolver uma operação enxuta.
Para essa situação, a Toyota descobriu que para criar uma operação enxuta e dar aos clientes um melhor serviço e melhor qualidade, faz-se necessário nivelar o plano de produção, isto é, pegar o volume total de pedidos em um determinado período e nivelá-los para uma mesma quantidade e mix a serem feitas em cada dia.
Para o TPS, há 04 benefícios em nivelar o plano de produção: flexibilidade em fazer o que o cliente quer e quando quer; redução do risco de produtos não vendidos; balanceamento do uso de mão-de-obra e nivelamento da demanda para o processo e para os fornecedores. Entretanto, para satisfazer os clientes que possuem uma demanda com significante flutuação, recomenda-se manter um mínimo possível de estoque. Isso parece até contrariar o pensamento do processo enxuto, porém, é uma forma de proteger o cliente de um possível pico de demanda.
Da mesma forma, pode-se aplicar também para o fornecedor. Vale ressaltar que em alguns casos é necessário manter uma combinação de ambas as situações. Portanto, a questão é como podemos acomodar o desejo do cliente, atender as suas diferentes escolhas e ter o produto pronto rapidamente sem comprometer a integridade do sistema de produção.
A cultura TPS não permite aos gerentes dizer que “nós não podemos fazer”. Nesse contexto, a situação deve ser estudada, experimentada no chão de fábrica e implementada. Para manter a diversificação do mercado e o nivelamento da produção em harmonia, é importante evitar o uso de instalações e equipamentos dedicados que poderiam ter maior utilidade geral. É preciso maior esforço para encontrar as instalações e equipamentos mínimos necessários para uso geral.
Na maioria das vezes, é normal quando as coisas nem sempre acontecem de acordo com o planejado, mas existem pessoas no mundo que precipitadamente tentam forçar uma programação mesmo sabendo que ela possa ser impossível. Daí elas dirão: “é bom seguir a programação” ou “é uma pena mudar o plano” e farão qualquer coisa para fazê-lo funcionar.
Contudo, como não se pode prever o futuro com exatidão, as ações devem mudar e se adaptar a situações mutantes. No final, é importante capacitar as pessoas para lidar com as mudanças e a pensar de forma flexível.