segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Como são as pessoas no Sistema Toyota de Produção (TPS)

Um dos pontos mais importantes no TPS é a capacidade dos lideres em manter a cultura anos após anos, criando um ambiente de aprendizado contínuo em toda a organização, isto é, não há a possibilidade de cada líder criar a sua própria cultura transformando a empresa em algo superficial onde não há o desenvolvimento real de lealdade nós funcionários.
O líder Toyota vai até o chão de fábrica e realmente procura entender a situação atual do nível operacional. Liderar não é somente gerenciar a tecnologia ou as tarefas, é necessário desenvolver a cultura. Liderar é demonstrar comprometimento com a qualidade todos os dias, mostrando também que a qualidade vem primeiro nos níveis estratégicos e depois é desdobrada até o operacional. A raiz da liderança Toyota está em desenvolver outros lideres a entender o trabalho, viver a filosofia e ensinar a outros. Uma frase comum na Toyota diz assim: Antes de construirmos carros, nós construímos pessoas.
O verdadeiro líder estimula a motivação e desenvolve seus funcionários, capacitando-os para agir por conta própria, atribuindo-lhes tarefas críticas para o sucesso da empresa, permitindo-lhes exercer com liberdade e autonomia sem temer a competição interna. O verdadeiro líder entende que o sucesso de si próprio depende do sucesso de seus colaboradores. O verdadeiro líder exerce a liderança pelo exemplo. Não existe um único estilo ou característica de liderança valida para toda e qualquer situação. Cada tipo de situação requer um tipo de liderança diferente para se alcançar a o resultado por meio dos colaboradores.
O sucesso a longo prazo reside na capacidade de fazer as coisas importantes de forma melhor que os concorrentes. E para isso as pessoas podem ajudar bastante, mais do que as empresas poderiam imaginar e muito mais do que as próprias pessoas poderiam sequer pensar. As pessoas formam a base fundamental de toda a qualidade e produtividade da empresa. São elas que fazem a diferença. Para isso, torna-se necessária uma administração participativa, que compartilha e que estimula a criatividade e a inovação. Saber como gerenciar as pessoas é o desafio de todo gerente ou, mais do que isso, saber como gerenciar com as pessoas.
Muitas empresas possuem experiência com grupos de trabalho que focavam apenas no auxílio de emergência a produção, inspeção de qualidade e reparos. Quando não ocorrem problemas imediatos e incêndio para apagar, elas vão para a sala de reunião apenas para uma pausa do trabalho. O que essas empresas estão perdendo é obvio, elas não têm o TPS e a cultura inserida nas pessoas.
Não se deve implantar times de trabalho sem antes desenvolver um forte trabalho de implementação do sistema e cultura necessários para o sucesso e o suporte, pelo qual os times criam ideias que agregam valor. Construir uma cultura TPS irá levar algum tempo, contudo, também depende de um correto programa de motivação fundamentado nas necessidades das pessoas.
As pessoas precisam ter um grau de segurança para que possam perceber que elas pertencem a um time. É necessário também criar tarefas desafiadoras e dar alguma autonomia para que elas possam sentir que têm o controle sobre as tarefas que executam. Também é necessário medir e dar feedback do progresso e por ultimo, o reconhecimento.
No entanto, o contrário do que se supõe normalmente nas empresas, os erros são muito mais de responsabilidade das chefias que simples descuido ou indolência do pessoal operacional. Notoriamente, verifica-se que as causas estão na maioria absoluta dos casos relacionadas a falta de método de trabalho, método inadequado de trabalho ou falta de treinamento no método.
Na verdade, o que se revela ao implantar equipes de trabalho, é que as pessoas gostam, apreciam e têm grande orgulho em fazer corretamente o seu trabalho e se decepcionam quando este não apresenta os resultados esperados. As pessoas somente deixam de desempenhar corretamente o serviço quando uma das três condições mencionadas ocorrem.
Na maioria das vezes, as pessoas apreciam e buscam a satisfação do trabalho bem feito, tornando-se muito fácil mobilizar a equipe para contribuir para um processo de melhoria, através da identificação das causas e da criação de mecanismos necessários para que as falhas e erros não tornem a ocorrer.
Desta forma, temos um duplo efeito benéfico que além de contribuírem para a solução dos problemas da empresa ou organização, os funcionários também passam a se sentir mais satisfeitos, o que os tornam mais produtivos e mais interessados em contribuir, num círculo virtuoso em que todos ganham, e que se acelera continuamente.
A grande vantagem do trabalho em grupo é que todas as pessoas possuem pontos fortes e pontos fracos, no qual um componente mais fraco poderá ter o suporte de um colega mais forte. Em um grupo, tem-se a oportunidade de intercâmbio de ideias, de tal sorte que a equipe tem uma grande chance de crescer e vencer os obstáculos.
No TPS, o processo produtivo deve ser observado sem preconceitos e com a mente limpa. Uma das técnicas mais simples é repetir a pergunta “por que?” cinco vezes para cada problema encontrado. Nesse contexto, a única forma de constatar o funcionamento do TPS no chão de fábrica é ver in loco e questionar: as instruções de trabalho estão sendo seguidas?, o trabalho está em fluxo contínuo e com o JIT?.
Portanto, é necessário observar pessoalmente o fluxo de material na linha e responder a estas perguntas e também ver se os operadores estão pedindo ajuda e parando a linha caso seja necessário. Também se faz necessário uma ultima pergunta: como as áreas de suporte estão respondendo aos chamados de ajuda da produção?
Muitas vezes os gráficos e números podem medir resultados, porém, eles não revelam os detalhes acontecidos e seguidos no processo atual no dia-a-dia. O que a Toyota solicita de seus colaboradores e gerentes é um profundo entendimento do fluxo de processo, assim como também a habilidade de avaliar criticamente e analisar o que está acontecendo. Além de saber como ir até a causa raiz do problema e comunicar de forma efetiva aos outros.
Desta forma, o acompanhamento do processo de trabalho deve ser efetivado no próprio local onde ele é realizado, deve-se mapeá-lo, fazer perguntas, anotar respostas, observar e finalmente, se for possível, tomar o lugar do operador e fazer o trabalho. Só assim será possível compreender bem a natureza e a extensão do fluxo de processo e coletar dados significativos para o entendimento e melhoramento total da operação.
Para o TPS é necessário também praticar o empowerment (investir de poder os funcionários) para que eles possam sinalizar e parar a linha de produção quando detectado um problema, antes que esse problema continue para o processo posterior. Deve-se também criar uma cultura de fazer certo da primeira vez. A ideia central é trazer os problemas para a superfície e torná-los aparente para que se tomem as contramedidas imediatamente. Deve-se usar os Poka-Yoke (dispositivos a prova de erros) ao máximo para evitar erros. Esses dispositivos criativos tornam impossível ao operador o erro operacional.
Vale ressalta que a cultura não é algo que se manipule facilmente. A cultura só muda depois que você tiver alterado com sucesso as ações das pessoas e depois que o novo comportamento produzir alguma vantagem nas pessoas por algum tempo. A mudança numa cultura organizacional é quase sempre uma mudança de paradigmas.
Para o TPS os defeitos são resultados de erros. Portanto, o ponto mais importante para evitar que defeitos sejam construídos no processo é tornar conscientes os operadores de que eles são os controladores da qualidade, eles devem ser encorajados a parar o processo e tomar providencias quando descobrir que há imperfeições na fabricação. Lembrando que a melhor maneira de liderar é você dar o exemplo.
Paro o TPS, a cultura organizacional é o desenvolvimento de pressupostos básicos obtidos por um grupo ao aprender como lidar com os problemas de adequação externa e integração interna e que deram resultados satisfatórios para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas.
Portanto, a cultura de uma empresa passa a ser sua identidade definida como a forma em que seus colaboradores reagem frente aos problemas de adaptação, bem como a maneira de pensar, perceber e agir. Portanto, as pessoas têm papel fundamental no processo de mudança para uma empresa que deseja implantar os princípios do TPS.