
Você talvez não espere
encontrar na Bíblia um manual de gestão de pessoas, mas em Mateus 18:15 Jesus
ensina um princípio de liderança tão eficaz hoje quanto era há dois mil anos.
Quando diz “Se o seu irmão pecar contra você, vá e repreenda-o em particular.
Se ele ouvir, você ganhou o seu irmão”, Ele está propondo um modelo de feedback
direto, discreto e com foco na restauração da relação, em vez de expor o erro
publicamente.
Esse ensinamento prioriza a
confidencialidade e o respeito pela dignidade do colaborador. Na prática
corporativa, esse cuidado se traduz em conversas de desempenho conduzidas num
ambiente seguro, onde o profissional se sente valorizado e parte de uma cultura
de confiança. O líder que segue esse exemplo evita cair em críticas diante de
toda a equipe, preservando o engajamento e incentivando a pessoa a reconhecer a
oportunidade de melhoria sem constrangimento.
Além disso, a abordagem
bíblica é orientada à resolução de conflitos de forma construtiva. Quando o
funcionário percebe que o líder busca “ganhar” sua cooperação e não
simplesmente acusá-lo, nasce um espaço para o diálogo aberto e a troca de
ideias. Isso reforça o senso de pertencimento e reduz a resistência natural às
correções, pois demonstra que o objetivo maior é o crescimento mútuo e a
excelência do trabalho entregue.
Na gestão moderna, encontramos
ecos desse princípio em metodologias de coaching e performance management, que
recomendam reuniões one-to-one periódicas para alinhar expectativas, oferecer
feedback e traçar planos de desenvolvimento individual. A diferença, porém,
está na intenção: enquanto muitas abordagens técnicas focam apenas em métricas
de resultado, a orientação de Mateus 18:15 inclui também o cuidado relacional,
mostrando que alcançar metas não deve sacrificar a autoestima nem a confiança
das pessoas.
Ao incorporar esse modelo de
correção privada e reconciliatória, o líder constrói uma cultura organizacional
pautada em valores como empatia, transparência e responsabilidade
compartilhada. Ele se torna um exemplo vivo dos princípios que defende, estimulando
sua equipe a praticar o mesmo respeito nas interações do dia a dia, do
alinhamento de prioridades até a solução de impasses.
Em um mercado cada vez mais
competitivo e sujeito a mudanças rápidas, liderar com a sabedoria dessa
passagem bíblica significa acolher falhas como oportunidades de aprendizado,
valorizar o diálogo e fortalecer vínculos de confiança. Mais do que administrar
tarefas, trata-se de zelar pelas pessoas, porque ao “ganhar o irmão”, a empresa
ganha não apenas resultados, mas também capital humano engajado e motivado a
construir soluções melhores.