quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

O Papel do Líder no Processo de Aprendizagem


O processo de criar organizações que aprendem exige uma visão da liderança centrada em tarefas. Nas organizações que aprendem, os líderes são projetistas, regentes e professores desse processo.

Eles são responsáveis por construir organizações onde as pessoas expandem continuamente suas capacidades de entender complexidades, resolver problemas, desenvolver visões sistêmicas e aperfeiçoar modelos mentais compartilhados, isto é, são responsáveis pela aprendizagem.

Esse posicionamento é o primeiro ato de liderança e o código da inspiração da visão de organizações que aprendem. Quando esse posicionamento não existe, as disciplinas de aprendizagem continuarão sendo meras coleções de ferramentas e técnicas para resolver problemas e não de criar algo realmente novo.

Vale ressaltar também que as áreas onde o chefe não se apresenta como suporte tem como consequência uma quebra da cadeia de patrocínio abaixo dele, fazendo com que parte da organização fiquem alienadas ao processo de aprendizagem.

A figura abaixo demonstra esse fenômeno, pelo qual (A) está dentro de uma cadeia de patrocínio, porém, (B) tem sua cadeia quebrada devido à falta de um patrocinador.


Fig.: Alienação causada pela falta de suporte do líder

Nesse contexto, é necessário desenvolver líderes que realmente entendem o trabalho, praticam o que dizem e ensinam outros, pois assim se reconhece às pessoas como um importante recurso da empresa. Nesse ambiente, as atividades de gerenciamento devem ter o foco no Gemba, pois é lá que estão todas as atividades que agregam valor.

Portanto, o trabalho dos lideres deve ser o de dar suporte para os membros das equipes, pois, as equipes prezam o gerenciamento no local de trabalho apenas quando eles podem ver que os lideres estão lá para ajudá-los a fazerem seu trabalho e não para somente comandá-los, dizendo o que devem ou não fazer, porque o exemplo fala mais do que as palavras.

Sendo assim, o líder deve liderar pelo exemplo, estabelecendo um estilo do tipo “siga-me” ao invés do tipo “faça do meu jeito” ou ainda “faça do seu jeito”, pois, a função de liderança não é apenas de simples gerenciadores de tarefas e de manter pessoas com boas habilidades. Os líderes devem ser os modelos do tipo de organização que desejam construir. Ainda, um bom líder deve entender da rotina de trabalho com detalhes, caso contrário, ele não poderá ser o melhor professor do novo modelo.

A experiência do dia-a-dia confirma que líderes tradicionais tentam controlar tudo à distância, baseando-se demais em relatórios e informações imprecisas. Essa forma de liderar acaba afastando o líder cada vez mais do Gemba aumentando ainda mais a sua ignorância. Dessa forma, cria-se um círculo vicioso em que à falta de conhecimento gera uma crescente distância que, por sua vez, aumenta o desconhecimento sobre a real causa dos problemas.

Na cultura da organização que aprende, os tipos de pessoas que cada empresa produz dependem centralmente dos paradigmas que esta organização professa. Portanto, antes de decidir pela implementação de um modelo novo de aprendizagem, as lideranças das empresas devem questionar esses paradigmas e verificar se são coerentes com a organização que pretendem desenvolver.

O líder da organização que aprende valoriza as pessoas e as ideias e cria um ambiente para elas prosperarem. O mesmo investe tempo significativo em construir equipes notáveis, servindo de inspiração para que os outros atinjam níveis mais elevados de desempenho, aprendizagem e crescimento.

Entretanto, quando o líder é negligente neste ponto, o favoritismo acaba formando coalizões políticas (as “panelinhas”) dentro da empresa, pelo qual prejudica o afloramento da aprendizagem e inovação. Desta forma, contribuindo para o aparecimento do bajulador, também vulgarmente chamado de ‘puxa-saco’.

Ocorre que essa figura, muitas vezes encontrada nas empresas, só existe porque também há o “chefe” que gosta de ser bajulado, transformando as relações interpessoais em um jogo de ego danoso para a organização.

O “chefe” geralmente gosta porque se acha um rei e precisa de súditos. O bajulador, por sua vez, age desta forma porque tem insegurança de sua capacidade como profissional, portanto, tem medo da concorrência de outras ideias inovadoras, que ele mesmo não teve competência para desenvolver.

O bajulador atrapalha o processo de aprendizagem e renovação organizacional, pois, prende-se em coalizões políticas que acabam gerando uma competição predatória entre os colegas, desmotivando a equipe e interferindo diretamente nos resultados.

Gerenciar o processo de aprendizagem não transforma más notícias em boas notícias imediatamente. Ao contrário do que se espera, garante que a implementação da aprendizagem seja realizada de forma planejada, controlada, contínua e sustentável.

Para tanto, exigem-se algumas habilidades básicas, tais como: acreditar na mudança, disciplina no processo e perseverança em conduzir as pessoas para o desenvolvimento do comprometimento necessário.

Vale lembrar que o sucesso da renovação organizacional somente ocorre por meio das pessoas. Portanto, envolvê-las adequadamente é condição fundamental para que os resultados apareçam.